Em comunicado, o instituto do Porto explica hoje que o projeto, intitulado 'Sustainable HPC' e desenvolvido em parceria com o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), quer tornar os supercomputadores "mais sustentáveis".
Os supercomputadores são computadores com grande capacidade de processamento de dados, capazes de executar "milhões de biliões de cálculos" por segundo e resolver problemas complexos em áreas como a ciência e engenharia.
Estes equipamentos requerem, contudo, instalações e sistemas de refrigeração especiais e consomem "enormes quantidades de energia elétrica".
Nesse sentido, o projeto visa desenvolver "uma solução de gestão de energia que promova a descarbonização da operação da máquina", que reduza o consumo de energia em 60% e os gastos até 30%.
"Esta solução irá proporcionar uma operação mais verde para instalações de computação avançada e 'data centers' do futuro", salienta o INESC TEC.
De acordo com o instituto, o supercomputador Deucalion, que será instalado no Minho Advanced Computing Centre (em Guimarães), será "o laboratório vivo" para os testes das diferentes tecnologias que serão desenvolvidas pelos investigadores, nomeadamente tecnologias de conversão e armazenamento de energia elétrica.
A par da "viabilidade técnica", os investigadores vão também analisar a viabilidade económica e o impacto das tecnologias desenvolvidas.
Citado no comunicado, Luis Seca, o investigador do INESC TEC responsável pelo projeto, afirma que "só fazia sentido trabalhar no sentido de garantir que a pegada carbónica" do supercomputador "se reduz ao máximo".
"Não faria sentido criar uma grande instalação de autoconsumo num país que está numa rota de descarbonização do seu sistema eletroprodutor, fazendo sentido usar a disponibilidade da rede sempre que a energia elétrica por ela veiculada seja de origem renovável", salienta.
Também Ana Magalhães, investigadora do INEGI, afirma que o instituto está a desenvolver uma solução "inovadora" de refrigeração que "poderá resultar numa redução superior a 60% do consumo de energia elétrica, quando comparada com uma solução convencional".
A recuperação e reutilização de calor é também uma das soluções a ser estudada pelos investigadores, por forma a reaproveitar "o calor gerado pelo 'hardware' para a climatização do próprio edifício e até edifícios vizinhos", o que permitirá "diminuir os gastos até 30%".
A investigação desenvolvida terá por base eletricidade de origem renovável, tais como painéis solares fotovoltaicos, aerogeradores, baterias de vanádio redox e de lítio em segunda vida e ainda a rede elétrica, assegura o INESC TEC, acrescentando que tal "resultará numa diminuição de emissões de CO2 [dióxido de carbono] na ordem das 680 toneladas por ano".
O projeto tem um orçamento global de 7,3 milhões de euros, sendo que 3,2 milhões de euros são financiados pelo Fundo de Apoio à Inovação (FAI) da Agência para a Energia, e 4,1 milhões de euros pelo Fundo de Eficiência Energética (FEE), que visa apoiar programas e ações que suportam medidas previstas no Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética (PNAEE).
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