"Em 12 meses de exercício de funções do Governo PSD/CDS/PPM, não há novas empresas no projeto Terceira Tech Island, há empresas que decidiram abandonar o projeto e as empresas que haviam manifestado interesse em se instalar perderam-se por inércia do Governo em apoiá-las", afirmou o dirigente do PS/Terceira Luís Leal, à margem de uma visita a uma empresa tecnológica instalada na Praia da Vitória.
Lançado em 2017, pelo executivo do PS, com o objetivo de mitigar o impacto da redução militar norte-americana na base das Lajes, que eliminou cerca de 400 postos de trabalho, o projeto Terceira Tech Island visava a criação de um polo de empresas tecnológicas na ilha.
O Governo Regional assegurava o pagamento de formação de curta duração em programação e o custo das rendas dos espaços onde se instalavam as empresas, estando prevista a recuperação do edifício onde funcionava a escola da Força Aérea norte-americana na base das Lajes para esse efeito no futuro.
Entre 2018 e 2020, instalaram-se na Praia da Vitória mais de 20 empresas da área digital, que criaram cerca de 170 empregos.
Segundo Luís Leal, que era vogal do conselho de administração da Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores (SDEA), entidade entretanto extinta pelo atual executivo açoriano, que geria o Terceira Tech Island, já duas empresas abandonaram o projeto, desde que o executivo da coligação tomou posse, em novembro de 2020.
"Uma delas esvaziou-se de recursos, a outra teve de ir para outra ilha [São Miguel], não se sabe bem porquê, mas foi aliciada. Empresas que estavam numa bolsa de eventual interesse para se instalarem, ainda no nosso tempo, não foram acompanhadas", avançou.
O dirigente socialista criticou, sobretudo, a falta de promoção do projeto na edição deste ano da Web Summit, em Lisboa, acusando o executivo açoriano de "ofuscar potenciais investidores na área tecnológica com produtos alimentares".
"Os Açores marcaram presença numa feira de cariz tecnológico, mas posicionaram-se estrategicamente para uma feira de gastronomia", frisou.
Segundo Luís Leal, o executivo socialista colocou os Açores "no radar tecnológico", precisamente na Web Summit, onde lançou o projeto com um vídeo promocional, "amplamente criticado pelo PSD", em 2017.
"Não é de certeza com produtos agroalimentares que captamos empreendedores e investidores de base tecnológica. Esta grande confusão deixou uma mancha em tudo o que foi feito desde 2017 e deixa-nos, acima de tudo, tristes pela incapacidade que este Governo tem de poder continuar este projeto, de poder contribuir para gerar emprego estável e captar empresas", sublinhou.
O projeto mantém a formação em programação na Praia da Vitória, mas o dirigente socialista disse temer que, "por não haver empresas que absorvam os recursos", o executivo açoriano "diga que já não se justifica".
"Se tivessem dado o mesmo nível de concorrência que nós colocámos desde o início, com um crescimento de 200% ao ano, em matéria de captação de investimento, nós hoje teríamos à volta de 600 postos de trabalho criados", defendeu.
O PS já tinha acusado, em abril, o Governo Regional de ter abandonado o Terceira Tech Island, mas o secretário regional da Juventude, Qualificação Profissional e Emprego, Duarte Freitas, garantiu que havia intenção de dar continuidade ao projeto, alegando que havia uma verba de 520 mil euros inscrita no Plano de Investimentos para 2021.
"Aquilo que a região pretende é continuar a captar empresas para o Terceira Tech Island e naturalmente com a Câmara Municipal da Praia da Vitória vamos ter um diálogo, que esperamos que seja profícuo, para continuar este projeto", adiantou, na altura.
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