As autoridades norte-americanas acusam a plataforma de enganar os seus utilizadores entre 2013 e 2019, escondendo destes que estava a utilizar os dados pessoais para ajudar as empresas a enviar publicidade direcionada.
A queixa do Departamento de Justiça dos EUA menciona, em particular, a recolha de números de telefone e endereços de e-mail com o objetivo declarado de garantir o acesso às contas.
"Mas [o Twitter] também usou estes dados para segmentar utilizadores com anúncios", referiu Lina M. Khan, presidente da autoridade de concorrência norte-americana (FTC, em inglês), citada no comunicado de imprensa do Departamento de Justiça.
"Esta prática afetou mais de 140 milhões de utilizadores do Twitter a ajudou a aumentar a principal fonte de receita" do grupo sediado no Estado da Califórnia, acrescentou.
O Twitter confirmou em comunicado à imprensa que aceitou pagar a multa e reconheceu o "incidente".
"Certos endereços de e-mail e números de telefone fornecidos para fins de segurança podem ter sido usados inadvertidamente para fins publicitários", explicou Damien Kieran, chefe do departamento de confidencialidade.
A empresa com sede em São Francisco assegurou que "corrigiu o problema" em setembro de 2019.
O acordo, que deve ser aprovado por um juiz, também prevê que a empresa aprimore as suas práticas de privacidade de dados.
Em particular, terá de estabelecer um "programa abrangente de segurança da informação", avaliar a montante qualquer novo produto ou serviço que inclua a recolha de dados pessoais e submeter-se a diversas auditorias independentes.
O tema da privacidade ganhou força nos últimos anos após vários escândalos políticos e ampla conscientização em torno do modelo económico das redes sociais.
As grandes plataformas gratuitas dependem, como fonte de rendimento, das montanhas de informações que recolhem sobre os seus utilizadores, que permitem aos anunciantes, que pagam por estes dados, direcionar publicidade personalizada em grande escala.
"O compromisso do Twitter com a segurança e a privacidade não é um exercício de tempo limitado, mas um valor fundamental que nos esforçamos para incorporar ao atualizar as nossas práticas para atender às necessidades em constante mudança dos nossos clientes", realçou ainda Damien Kieran.
Atualmente, o Twitter é alvo de uma controversa oferta de compra, no valor de quase 44.000 milhões de dólares, por parte de Elon Musk, o homem mais rico do mundo.
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