Mesmo que a Samsung e a Apple continuem a ser as marcas de telemóveis mais vendidas em todo o mundo, nos últimos anos temos assistido ao aparecimento de múltiplas marcas de dispositivos móveis.
Com um mercado tão recheado de opções, torna-se difícil distinguir algo que possa ser considerado uma grande novidade, sobretudo no mercado de gama média onde as novas funcionalidades demoram um pouco mais a chegar.
Aparentemente nada disto parece preocupar a Nothing, uma nova marca criada por Carl Pei e lançou esta quinta-feira, dia 21, o seu primeiro telemóvel - o Phone (1). Dado que é um dos cofundadores da já referida OnePlus, Pei é um nome conhecido da área mobile. Além disso, o empreendedor contou ainda com o apoio do criador do iPhone, Tony Fadell, do cofundador e CEO do Reddit, Steve Huffman, do cofundador do Twitch, Kevin Lin, do fundador da Web Summit, Paddy Cosgrave, e também do youtuber Casey Neistat.
Com nomes tão conhecidos a apoiar a criação da Nothing, fica claro que as expetativas para este primeiro telemóvel da empresa também estão altas. Afinal, o que poderá a Nothing oferecer de verdadeiramente novo de forma a ter uma abordagem disruptiva ao mercado mobile?
© Nothing
Pois bem, a Nothing enviou ao Notícias ao Minuto uma unidade do Phone (1) para podermos experimentar e tentar perceber o que torna este telemóvel tão especial. O design da face traseira é o que mais salta à vista mas, para já, foquemo-nos nas especificações.
O Phone (1) da Nothing conta com um ecrã plano OLED de 6,55 polegadas com resolução 1.080 x 2.400 e taxa de atualização de 120Hz. Mesmo sendo um telemóvel de gama média, o Phone (1) tem a capacidade de adaptar a taxa de atualização, permitindo que (de acordo com a tarefa que tenha no momento) ir dos 60Hz para 120Hz automaticamente. Desta forma, o utilizador terá garantidamente uma experiência agradável e um ecrã super fluído de acordo com a necessidade - o que, naturalmente, tem implicações para a autonomia da bateria.
No interior encontramos um processador Snapdragon 778G+ com 5G, CPU de oito núcleos e uma gráfica Adreno 642L e (na unidade à nossa disposição) 8GB de memória RAM com 256GB de armazenamento interno. O Phone (1) também está disponível em versões com 8GB RAM e 128GB e também com 12GB RAM e 512GB.
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No que diz respeito a desempenho serve dizer que, mesmo não tendo o processador mais potente do mercado, não tivemos grandes problemas na utilização quotidiana. Por outro lado, jogos mais exigentes podem resultar em alguns ‘soluços’ - o que é natural e expetável tendo em conta o segmento que o Phone (1) ocupa e o preço que a Nothing cobra pelo dispositivo.
Por outro lado, o sistema Nothing OS que vem pré-instalado no Phone (1) está muito próximo da experiência ‘pura’ do sistema operativo Google integrado nos telemóveis Pixel. Significa isto que não há uma grande quantidade de ‘software’ extra desnecessário, o que ajuda a ter uma utilização mais fluida.
A bateria incluída tem uma capacidade de 4.500mAh, com carregamento rápido com fios de 33W e sem fios de 15W. Significa isto que, com um carregador com fios, poderá recarregar metade da bateria do Phone (1) em cerca de meia hora. Não é tão rápido quanto um topo de gama atual mas, novamente, para a categoria que ocupa está dentro do que seria de esperar.
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Sobre a autonomia, a utilização quotidiana permite que o Phone (1) seja utilizado praticamente um dia inteiro, pelo que o utilizador não terá problemas em usá-lo confortavelmente e carregar o telemóvel durante a noite. Notar também que o Phone (1) também é capaz de dar energia a outros pequenos dispositivos com carregamento sem fios, ainda que a velocidade seja de apenas 5W.
Infelizmente, as câmaras são os componentes onde a Nothing parece ter cedido um pouco mais para atingir o preço que oferece com o Phone (1). Na face traseira podemos encontrar dois sensores de 50MP e é possível captar fotografias em modo ultra grande angular. Na face traseira, o sensor de 16MP pode encontrar-se no canto superior esquerdo.
A câmara traseira não é propriamente ideal para captar fotografias com pouca iluminação ou até de objetos em movimento - com o resultado final a serem imagens com um pouco de ‘ruído’ a mais e desfocadas. Se está interessado no Phone (1) aconselhamos a procurar captar fotografias sobretudo em situações com objetos bem iluminados e parados, com os bons resultados a serem um pouco mais garantidos.
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Chegamos enfim ao design do Phone (1), um dos fatores distintivos deste primeiro telemóvel da Nothing. As laterais planas de alumínio e o posicionamento da câmara traseira faz com que o Phone (1) se assemelhe a um iPhone mas, olhando para a face traseira, verá que não é bem assim.
Isto porque a Nothing integrou na face traseira do Phone (1) o que chama de interface Glyph - composta por uma série de luzes LED a rondar a câmara, no canto superior direito, a envolver a zona de carregamento sem fios e um ‘ponto de exclamação’ na base, perto da entrada USB-C.
O vidro transparente da face traseira faz com que seja possível ver todas estas luzes, assim como parafusos e vários materiais usados na criação daquele que é, sem dúvida, um design distinto. Mais do que contribuir para um visual diferente, esta interface Glyph tem o objetivo de personalizar as notificações e brilha sempre que o Phone (1) recebe uma chamada, mensagens e notificações de apps.
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A Nothing até permite personalizar a forma como estas luzes brilham, criando um padrão de acordo com o contacto que está a telefonar. Outra funcionalidade interessante é o facto de, quando o telemóvel está a ser carregado, o ‘ponto de exclamação’ (perto da entrada USB-C) servir para indicar a quantidade de energia que o telemóvel já tem. Basta um pequeno toque e a luz aparece, o que coloca de parte a necessidade de consultar o ecrã.
Infelizmente, a interface Glyph não tem tantas possibilidades de personalização quanto seria de esperar, mas, no futuro, é possível que a Nothing inclua opções mais granulares.
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Considerações finais
No fundo, o Phone (1) consegue ser exatamente aquilo que a Nothing pretendia. As cedências feitas pela empresa parecem ser conscientes e o telemóvel consegue ser bem-sucedido naquilo que era o objetivo da marca: oferecer um telemóvel com um bom desempenho para o segmento de gama média e com um design único capaz de os distinguir dos demais.
É inegável que, graças à sua interface Glyph, o Phone (1) consiga virar algumas cabeças e fazer amigos e familiares perguntarem mais sobre o telemóvel. E isso é mais do que se pode dizer de grande parte dos topos de gama atualmente no mercado, quanto mais de outros telemóveis que concorrem no mesmo segmento deste primeiro modelo da Nothing.
O Nothing Phone (1) está disponível com um preço que começa nos 499 euros pela versão de 8GB RAM e 128GB (disponível apenas em negro) e pode ser adquirido com 8GB de RAM e 256GB por 529 euros (em branco e negro) ou com 12GB de RAM e 512GB por 579 euros (também em negro e branco).
O Phone (1) está disponível no site oficial da Nothing, mas também poderá ser adquirido em lojas em Portugal, nomeadamente na Fnac, Worten e PC Diga.
Pontos fortes
- O design criado pela interface Glyph;
- O ecrã super fluido;
- Bateria suficiente para aguentar um dia inteiro;
- O preço acessível
Pontos fracos
- A câmara compromete com pouca iluminação e objetos em movimento;
- Alguns ‘soluços’ em jogos mais exigentes;
Ideal para…
Os aficionados de telemóveis que queiram experimentar o primeiro telemóvel da marca criada por um dos fundadores da OnePlus terão certamente interesse em experimentar o Phone (1).
Quem procura um dispositivo de preço mais acessível mas que, ao mesmo tempo, não queira comprometer o aspeto visual e um desempenho capaz, também deverá estar atento ao telemóvel.
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