As autoridades sul-coreanas, citadas pelos meios de comunicação social da Coreia do Sul, "estimaram que os agentes da ameaça cibernética da RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial], patrocinados pelo Estado, roubaram bens virtuais no valor de cerca de 1,2 mil milhões de dólares [1,1 mil milhões de euros] a nível mundial desde 2017, incluindo cerca de 630 milhões de dólares [587 milhões de euros] só em 2022", de acordo com o documento, elaborado por um painel de peritos.
Os piratas recorreram a técnicas cada vez mais sofisticadas para obter acesso a redes digitais envolvidas em ciberfinanciamento, e para roubar informação que poderá ser útil nos programas nucleares e de mísseis balísticos da Coreia do Norte a governos, indivíduos e empresas, acrescentou o relatório, ao qual a agência de notícias Associated Press teve acesso na terça-feira.
Os peritos salientaram que, com as crescentes tensões na península coreana, a Coreia do Norte continuou a violar as sanções da ONU, a produzir material nuclear de qualidade militar e a melhorar mísseis balísticos, programa que "continuou a acelerar dramaticamente".
No ano passado, a Coreia do Norte lançou pelo menos 73 mísseis balísticos e mísseis que combinam tecnologias balísticas e de orientação, incluindo oito mísseis balísticos intercontinentais, disse o painel, que monitoriza as sanções contra a Coreia do Norte.
Pyongyang efetuou 42 lançamentos, incluindo o teste de um alegadamente novo tipo de ICBM e um novo motor ICBM de combustível sólido, nos últimos quatro meses de 2022.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, ordenou um "aumento exponencial do arsenal nuclear do país", em janeiro, e o painel apontou que nova legislação reforça o papel da capacidade nuclear tática, e a "natureza irreversível" do estatuto nuclear do país.
"A capacidade de realizar um ataque nuclear inesperado a qualquer alvo regional ou internacional, descrita na nova lei da RPDC sobre doutrina nuclear e progressivamente em declarações públicas, desde 2021, é consistente com a produção, testes e implantação de sistemas de entrega tática e estratégica observados", referiu o relatório.
Sobre questões militares, os peritos disseram ter investigado a "aparente exportação" de equipamento de comunicações militares de uma empresa norte-coreana sob sanções da ONU para o Ministério da Defesa da Etiópia, em junho de 2022.
A Coreia do Norte pode também ter comercializado ilegalmente armas e material relacionado com uma série de países, incluindo o envio de ogivas de artilharia, foguetes de infantaria e mísseis para a Rússia - alegação que Pyongyang e Moscovo têm negado constantemente, afirmou o painel. Os peritos afirmaram ainda estarem a investigar a alegada venda de armas de uma empresa norte-coreana na lista de sanções da ONU ao exército de Myanmar através de uma empresa de Myanmar.
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