"Com dinheiro e tempo suficientes, talvez algo novo e inovador saia disso", sublinhou Esther Crawford, que apoiou publicamente o novo chefe nos quatro meses seguintes à aquisição da rede social por Musk.
Esta ex-diretora de desenvolvimento de produtos do Twitter ficou conhecida principalmente por ter partilhado uma foto publicada na rede social, em que era vista a dormir num saco-cama, no escritório, nos dias seguintes à aquisição da empresa, no final de outubro.
"A esquerda (...) chamou-me de bilionária lambe-botas, enquanto a direita me acusou de colocar a minha carreira à frente da minha família", frisou.
A 'arquiteta' do 'selo' pago de verificação de contas - Blue - Esther Crawford trabalhou dia e noite com a sua equipa para lançar o produto no prazo estabelecido por Musk, dono também da Tesla e SpaceX.
Like seemingly everyone on this app I have plenty of opinions about Twitter > X and figure now is a good time to open up a bit about my experience at the company.
— Esther Crawford (@esthercrawford) July 26, 2023
I tweeted for years into the void for the love of it like many of you, but after selling my startup to Twitter in… pic.twitter.com/bw7CHhk0Xg
Elon Musk demitiu-a no final de fevereiro, juntamente com dezenas de outros funcionários.
Antes, o novo dono do Twitter já tinha dispensado metade da equipa e pedido aos 'sobreviventes' que escolhessem entre entregar-se "totalmente, incondicionalmente" ou ir-se embora.
"Elon é estranhamente charmoso e muito engraçado", descreve Esther Crawford, acrescentando que "pode passar repentinamente do entusiasmo à raiva".
"As pessoas rapidamente começaram a ter medo" de falar com ele, explicou.
"Eu não tinha interesse em aumentar a cultura do medo ou estar com rodeios perto do Elon", frisou.
Esther Crawford disse estar preocupada com o facto de as pessoas próximas ao chefe tempestuoso serem "fanáticas no apoio inabalável a tudo o que diz".
"Viver numa bolha e estar no topo torna a pessoa ainda mais propensa a estar cercada de simpatizantes (...) que têm interesse em estar na sua órbita", vincou.
A ex-gestora do Twitter referiu também que os métodos de tomada de decisão de Elon Musk são baseados "essencialmente nos seus instintos", e não em dados ou conhecimento.
"Ele fazia sondagens no Twitter, pedia conselhos de produtos a um amigo ou mesmo ao seu biógrafo. Às vezes, parecia dar mais crédito a comentários casuais do que a profissionais que passaram a vida a resolver o problema em questão", acrescentou.
Criticando o 'antigo' Twitter, que "andava a passo de caracol, emaranhado em burocracia", Esther Crawford não comenta também as hipóteses de sucesso do novo "líder lunático e ousado", mas a quem "falta muito de empatia".
Elon Musk renomeou recentemente a plataforma como 'X' na esperança de a transformar numa aplicação completa, com mensagens ou pagamentos, como o WeChat na China.
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