O serviço de inteligência militar realçou, no seu relatório anual, que os Países Baixos têm "conhecimento sobre recursos militares modernos e destacamentos militares" que a China pode "usar para continuar a construir as suas próprias Forças Armadas".
Por esse motivo, prossegue o MIVD, Pequim tentou espiar os projetos de equipamentos militares, unidades operacionais e pessoal de Defesa dos Países Baixos.
Em 2023, os ciberataques conseguiram penetrar numa rede de Defesa, mas como a rede não estava ligada à ligação mais ampla do Ministério, "os danos foram limitados".
Estes 'hackers' chineses não visaram apenas as atividades de Defesa neerlandesa e fizeram mais de 20.000 vítimas em todo o mundo, de acordo com o MIVD.
Os neerlandeses são destacadamente os líderes europeus em máquinas para o fabrico de 'chips', os componentes eletrónicos essenciais para o funcionamento de smartphones, carros, mas também equipamentos militares.
Após pressão dos Estados Unidos, Haia anunciou em março do ano passado um travão à exportação de tecnologias para o fabrico de 'chips' eletrónicos por questões de segurança.
Esta decisão foi duramente criticada pela China, que para fabricar 'chips' precisa de máquinas produzidas principalmente pela empresa neerlandesa ASML, principal fabricante de semicondutores da Europa.
Os serviços de inteligência neerlandeses também mantêm a Rússia no seu radar e asseguram que observaram um aumento na espionagem cibernética desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, porque Moscovo tenta obter informações, entre outras coisas, sobre o transporte de recursos militares ocidentais na Ucrânia e também fora. Os Países Baixos fazem parte desta rota de abastecimento.
"A ameaça da Rússia é grande. Os Países Baixos são um alvo atraente, em parte porque são um importante centro militar", frisou o diretor do MIVD, Peter Reesink.
Além de "perturbar as operações cibernéticas russas" ao longo de 2023, os Países Baixos partilharam informações de inteligência com a Ucrânia sobre as operações cibernéticas russas, permitindo a Kiev "tomar medidas e fechar fugas".
Como as operações cibernéticas russas visam aceder a infraestruturas vitais para sabotá-las, adverte Reesink, "deve ser feito o possível para evitar que a Rússia tenha sucesso".
"Não quero pensar que a Rússia conseguirá, por exemplo, encerrar a rede energética holandesa. Isso poderia perturbar a nossa sociedade e consideramos que é um desenvolvimento preocupante", alertou.
Os serviços secretos russos também têm como alvo organizações internacionais sediadas nos Países Baixos, como a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e o Tribunal Penal Internacional (TPI), que tem uma investigação aberta por crimes de guerra na Ucrânia e que emitiu um mandado de detenção internacional para o Presidente russo Vladimir Putin.
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