O lançamento do ChatGPT da OpenAI no final de 2022 contribuiu para colocar a Inteligência Artificial (IA) como um dos temas ‘quentes’ na área da tecnologia, tornando-se também um dos assuntos mais comentados entre o público em geral.
Com mais mediatismo e atenção, é natural que vejamos cada vez mais empresas tecnológicas a apostar em IA e a procurar integrar a tecnologia nos seus processos. Anterior a este ‘boom’, a portuguesa DareData Engineering é uma das empresas no nosso país que está a dar mais que falar - sobretudo depois das notícias desta semana que viram a NOS adquirir uma participação de 20%.
Com o investimento em IA a não dar mostras de abrandamento, o Notícias ao Minuto colocou à DareData Engineering algumas perguntas sobre esta área, procurando perceber não só a forma como a empresa se antecipou à popularização da IA, como também aos planos para o futuro e passando pelos tão falados riscos que a tecnologia pode representar para o futuro.
Acreditarmos, desde a nossa fundação, em sistemas de IA seguros e fiáveis
Ivo Bernardo, ‘Senior Data Scientist’ e também um dos ‘partners’ da DareData Engineering © DareDate Engineering
O 'boom' mediático da Inteligência Artificial (IA) enquanto tecnologia deu-se sobretudo com a entrada em cena do ChatGPT da OpenAI no final de 2022. No entanto, a DareData é anterior e foi criada em 2019. Como é que surgiu a fundação a empresa e como encaram a maior exposição que a área conseguiu desde então?
A criação da DareData foi motivada pela visão de antecipar e liderar a integração de IA em diversas indústrias, oferecendo soluções inovadoras, eficientes e de sólida robustez técnica. A grande vantagem da nossa criação antes da ascensão mediática da IA prende-se com um conhecimento profundo dos fundamentais das áreas de IA, ciência e engenharia de dados.
Desde então, a exposição crescente da área de IA tem sido bastante benéfica para o sector e também natural, visto que temos um conhecimento claro e profundo das tecnologias que sustentam estes sistemas complexos. Para nós, tem sido importante, principalmente por acreditarmos, desde a nossa fundação, em sistemas de IA seguros e fiáveis.
Dizem que atuam em diversas áreas (governamental, farmacêutica, financeira, etc). Qual é a mais desafiante do ponto de vista de integração de sistemas de IA?
Cada uma dessas áreas apresenta os seus desafios na integração de sistemas de IA. No entanto, o setor governamental é especialmente desafiador devido à complexidade dos sistemas existentes, à necessidade de cumprir rigorosos requisitos de segurança e privacidade, e à integração com infra-estruturas tecnológicas de cariz mais tradicional.
Contudo, a navegação das burocracias e a garantia de conformidade com regulamentos rigorosos tornam este sector particularmente complexo e desafiante, mas também um dos sectores que irá ganhar de uma forma exponencial os benefícios da IA.
Na área farmacêutica, também vimos aplicações de grande relevância que podem melhorar a qualidade de vida do ser humano, principalmente na descoberta de novos fármacos ou aplicações do processo científico de forma criativa. Dei estes dois exemplos, mas cada sector é um sector, com características próprias e que pode ter ganhos significativos com a integração de IA.
Muitas empresas chegam até nós com uma visão geral do que desejam alcançar, mas sem um entendimento detalhado das possibilidades e limitações da IA
Têm notado um crescimento no número de empresas com o objetivo de integrar IA nos seus processos? Esses clientes sabem o que procuram ou estão muitas vezes 'às cegas' e contam com a vossa experiência para os guiar?
Temos observado um crescimento significativo no número de empresas interessadas em integrar IA nos seus processos, mas, se algumas empresas têm uma ideia que gostavam de colocar em prática, muitas delas chegam até nós com uma visão geral do que desejam alcançar, mas sem um entendimento detalhado das possibilidades e limitações da IA.
Neste contexto, a nossa experiência é muito importante para ajudá-los na definição de objetivos claros e na escolha das soluções mais adequadas, garantindo que os projetos sejam bem-sucedidos e tragam o retorno esperado. E é importante perceber que nem todos os clientes se encontram no mesmo nível, há clientes que estão a dar os primeiros passos, outros até já têm algum projeto e pretendem criar um sistema de IA para a empresa, outros têm já vários projetos em curso e querem ajuda para escalar as suas soluções com as melhores práticas.
É importante perceber o estado de maturidade de IA dos clientes e que há diferenças substanciais na forma como ajudamos cada um deles. Felizmente, temos uma equipa capaz de identificar e ajudar nos vários capítulos da jornada de integração de IA no negócio.
Tendo em conta a vossa experiência, acreditam que a IA possa vir a ser uma ameaça no futuro ou colocam isso no plano da ficção científica? Pensando no futuro, que preocupações vos surgem neste campo?
As preocupações com a IA devem ser abordadas de forma pragmática e informada, evitando alarmismos desnecessários. As principais preocupações incluem a ética no uso da IA, a privacidade dos dados e o impacto no mercado de trabalho.
Acreditamos numa IA segura, numa perspectiva de aumento das capacidades do ser humano, e não como um substituto total. E, nesse sentido, procuramos sempre aplicar esta lógica em todos os projetos que nos inserimos e temos visto enormes ganhos de produtividade e de satisfação nos trabalhadores que são apoiados pelas suas próprias IA.
O que esperam conseguir com esta entrada da NOS? Quais são os objetivos a curto e longo prazo?
Com a entrada da NOS, esperamos alcançar uma sinergia que nos permita expandir as nossas capacidades e alcance de mercado. A curto prazo, os objetivos incluem a aceleração do desenvolvimento de novos produtos e a expansão para novos mercados.
A longo prazo, visamos consolidar e reforçar a nossa posição de liderança em soluções de IA, ampliando a nossa oferta e integrando novas tecnologias que surjam no campo. Esta parceria estratégica é vista como um passo essencial para impulsionar a DareData para ser uma referência na área, não só em Portugal, como também a nível europeu e mundial.
Além disso, a possibilidade de termos o CTO da NOS no nosso 'board', alguém com experiência muito grande em escalar produtos e serviços, vai ser altamente valioso para o desenvolvimento da DareData - aliando o seu conhecimento de gestão ao nosso conhecimento técnico.
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