Em comunicado, a UMinho explica que o projeto da investigadora Helena Machado visa uma análise abrangente dos impactos políticos, éticos e sociais que as tecnologias de reconhecimento facial exercem sobre a cidadania e a privacidade.
Estas tecnologias são usadas comummente para identificação e rastreamento, armazenando biliões de rostos e alimentando redes neurais que são cruciais para o desenvolvimento da inteligência artificial.
"Vamos perceber como o uso destas tecnologias pode acentuar a discriminação e a desigualdade social, por exemplo, explorando as perspetivas de diversos grupos que nunca foram estudados em conjunto, incluindo cientistas, empresas, ativistas e artistas, atuando a um nível global", explica Helena Machado.
Admite benefícios ligados à segurança e à proteção, mas lembra que os críticos em geral sublinham que aquelas tecnologias normalizam a vigilância e corroem a privacidade, exacerbam a discriminação e contêm falhas e imprecisões acentuadas.
Segundo a investigadora, serão ainda estudadas as implicações junto de comunidades negras, em países como EUA, Canadá, Brasil, Alemanha, França, Reino Unido e Espanha.
O projeto vai adotar uma "metodologia inovadora, para formular uma nova teoria social sobre o rosto".
Pretende igualmente promover debates éticos e envolver a sociedade, estimulando a imaginação para futuros alternativos no uso daquelas tecnologias.
Trata-se do projeto "'Facial Recognition Technologies. Etho-Assemblages and Alternative Futures (fAIces)'", desenvolvido por Helena Machado, professora catedrática de Sociologia do Instituto de Ciências Sociais da UMinho e investigadora do Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA).
Esta é a 14.ª bolsa ERC para a UMinho desde 2013, abarcando áreas como biomateriais, sociologia, engenharia civil e medicina, e a segunda para o CRIA, após Francisco Freire em 2017.
Helena Machado quer agora criar uma equipa de referência na sociologia da inteligência artificial, juntando no CRIA-UMinho a investigação transdisciplinar, cruzando a sociologia e a antropologia com as humanidades digitais e visão computacional.
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