Inteligência Artificial. Bridge AI apresenta recomendações em outubro

As conclusões preliminares do projeto Bridge AI vão ser apresentadas em outubro e a sua coordenadora, Helena Moniz, professora da Universidade de Lisboa e INESC-ID ficaria "muito feliz" se pelo menos três das recomendações se "concretizassem mesmo".

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Lusa
22/09/2024 14:58 ‧ 22/09/2024 por Lusa

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Inteligência Artificial

O Bridge AI nasceu da vontade de três jovens gestores de ciência: António e Nuno André, da Unbabel, e Joana Lamego, da Fundação Champalimaud, num projeto liderado por Helena Moniz, com a ambição de colocar Portugal na vanguarda da implementação do regulamento europeu de inteligência artificial (AI Act).

 

"São conclusões preliminares, vão ser apresentadas ao público em geral [em 19 de outubro], temos vários nomes já convidados nacionais e internacionais, com perspetivas muito diversas, também multidisciplinares, porque queremos a discussão dessas ideias e enriquecer com os contributos da comunidade as nossas ideias para não estar fechado sobre o próprio projeto e ter esse enriquecimento, esse 'feedback da própria comunidade e da sociedade civil também", diz, em entrevista à Lusa, Helena Moniz.

Este projeto surgiu do facto dos três jovens gestores de ciência não quererem sair do país: "Queriam trabalhar para um bem maior e nasceu da energia deles, fui contagiada por essa energia e submetemos a proposta para a primeira 'call' da Fundação para a Ciência e Tecnologia em antecipar a legislação em inteligência artificial [IA]", aponta.

Aliás, "fomos o único projeto que vingou nesta proposta. Chamámos outros que não vingaram, juntámos as várias vozes e temos um grupo de especialistas muito diverso, muito eclético e muito multidisciplinar a olhar para como implementar o 'european AI Act' através da ética, da literacia e do direito, mas sempre os três em conjunto".

Este é um projeto "bastante pioneiro, isso foi reconhecido na nossa reunião com o 'european AI Office' [gabinete europeu para a IA]. Acharam muito interessante o facto de haver um projeto piloto num Estado-membro, Portugal neste caso, que possa fazer essas recomendações, que traga alertas, que dê sugestões e muito com base em casos reais, em casos de estudo reais da indústria", prossegue Helena Moniz.

Nesse sentido, o Bridge AI está a analisar casos de saúde, finanças, turismo, por exemplo, "para poder depois perceber como é que estes casos podem trazer ou não riscos e como antecipar estes riscos".

Na conferência Bridge AI de outubro, que terá lugar na Fundação Champalimaud, "vamos fazer várias recomendações", refere a coordenadora.

"Eu ficaria muito feliz se pelo menos três delas (...) se concretizassem mesmo, fossem reais", afirma Helena Moniz quando questionada sobre a sua expectativa.

Se tivesse "impacto na vida do cidadão em Trás-os-Montes, nos Açores, em Sagres ou Guarda, para mim traria uma enorme felicidade" ou se fosse dito que "criámos e ajudámos a criar módulos de inteligência artificial que podem efetivamente ser aplicados nas escolas ou no passaporte de competências digitais da Câmara de Lisboa, com quem também já falámos, ou que a AMA [Agência para a Modernização Administrativa] veja sentido nas atualizações do guia como nos pediu".

Se, no fundo, "conseguíssemos trazer estas pequenas amostras, mostraríamos que um projeto piloto é capaz de concretizar", reforça a responsável.

Helena Moniz adianta que tem havido conversas com várias entidades públicas, da AMA, passando pela Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), o Centro Nacional de Cibersegurança, bem como com o gabinete europeu para a IA.

Além disso, "tivemos também com as secretarias de Estado da Ciência e da Modernização e Digitalização, de todos recebemos pedidos concretos e tivemos em conta estes pedidos. Levámos estes pedidos para as reuniões de cada grupo para que houvesse resposta a esses pedidos", prossegue.

Portanto, "as nossas recomendações vão no sentido das conversas todas que tivemos no parlamento e com todos os organismos e tentar criar recomendações que sejam fazíveis, concretas, com desafio enorme de adaptar a indústria, a sociedade civil e a administração".

E estas recomendações não podem acabar aqui, têm de ter continuidade.

"Não se consegue fazer uma medida pontual, ela tem que ter uma estratégia a médio prazo. E esta estratégia passa pelo Estado português perceber como investir nestas áreas e que medidas tomar, estamos a perder muito talento nas áreas de inteligência artificial", remata.

Constituído em 2023 e coordenado pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores - Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID), o projeto Bridge AI envolve dezenas de parceiros, entre os quais a Fundação Champalimaud e a Unbabel, o Alan Turing Institute e membros do AI Advisory Board das Nações Unidas e das Nações Unidas.

O projeto tem cinco grupos de trabalho: instrumentos de avaliação de risco; ética da IA nos processos de regulamentação; implementação do IA Act; formação avançada e literacia em IA; e iniciativas fora da UE.

Leia Também: Empresários portugueses na Alemanha otimistas sobre futuro da IA

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