EUA alertam para uso da IA para "desestabilizar sociedades"

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, alertou hoje, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, para o uso da Inteligência Artificial (IA) por "regimes repressivos" para "monitorizar jornalistas e dissidentes políticos e desestabilizar as sociedades".

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© ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP via Getty Images

Lusa
19/12/2024 20:00 ‧ há 9 horas por Lusa

Tech

Inteligência Artificial

Blinken referiu que "os regimes repressivos utilizam a IA para monitorizar jornalistas e dissidentes políticos e desestabilizar as sociedades", e sublinhou que "os atores estatais e não estatais estão a utilizar cada vez mais estas ferramentas para influenciar, distorcer a opinião pública e manipular as narrativas geopolíticas".

 

O chefe da diplomacia norte-americana falava numa sessão ministerial sobre os desenvolvimentos da IA e as suas implicações para a segurança global, convocada pelos Estados Unidos (EUA), que detêm a presidência rotativa do Conselho de Segurança este mês.

Durante a sessão do Conselho de Segurança, todos os oradores, à exceção da Rússia, concordaram com a necessidade de limitar esta nova tecnologia através do domínio humano, cuja utilização deve ser orientada para fins pacíficos e não militares, sob governação internacional.

O secretário de Estado norte-americano não se referiu a nenhum país em particular, mas fez alusões à Rússia durante o seu discurso.

O embaixador russo, Vasili Nebenzia, afirmou que, com o desenvolvimento da IA, o Sul Global poderá "tornar-se alvo de novas formas de discriminação e colonialismo devido ao agravamento da desigualdade tecnológica, o que constitui também uma ameaça à paz e à segurança mundiais".

Nebenzia citou estimativas de que os investimentos em IA totalizarão 623 mil milhões de dólares (600,4 mil milhões de euros) até 2028, capitalizados quase inteiramente por quatro atores: os EUA, a União Europeia (UE), o Japão e a Coreia do Sul.

O embaixador russo afirmou ainda que os gigantes tecnológicos privados, referindo-se às empresas norte-americanas Microsoft, Meta, Alphabet e Amazon, investirão cerca de 250 mil milhões de dólares (240 mil milhões de euros) na construção de infraestruturas de IA no próximo ano.

Nebenzia atacou os Estados Unidos por alegadamente, em matéria de IA e noutros domínios como regras comerciais ou alterações climáticas, agirem com a imposição de regras universais aos membros da comunidade internacional, que depois se permitem violar.

O representante da China, Fu Cong, afirmou que a "China rejeita a imposição a outros de regras formuladas por um pequeno número de países e opõe-se firmemente à criação de barreiras discriminatórias baseadas em diferenças ideológicas, que minam o direito de todos os países, e dos países em desenvolvimento, de utilizar as tecnologias em pé de igualdade".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos membros do Conselho de Segurança que "se evite a todo custo" a integração da IA nas armas nucleares, algo que poderia ter "consequências potencialmente desastrosas".

Na mesma intervenção, o secretário-geral da ONU sublinhou que, embora a IA esteja a fazer "uma diferença positiva" em países que sofrem de conflitos, de insegurança alimentar ou nos efeitos das alterações climáticas, também entrou "no campo de batalha de uma forma mais problemática".

O secretário-geral da ONU exemplificou que a IA já foi utilizada para selecionar alvos e tomar decisões "de vida ou de morte" e que os ciberataques com recurso a esta tecnologia "podem paralisar as infraestruturas críticas e os serviços essenciais de um país".

"Sejamos claros: o destino da humanidade nunca deve ser deixado nas mãos da 'caixa negra' de um algoritmo. Os seres humanos devem estar sempre no controlo da tomada de decisões, guiados pelo direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário e os direitos humanos e os princípios éticos", acrescentou.

Leia Também: "Seres humanos sempre no controlo" e não IA ou algoritmos

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