"Vamos suspender a nossa conta X a partir de 15 de janeiro e não vamos publicar nada de forma proativa até nova ordem", declarou o ministério num breve comunicado, justificando a sua decisão com a dificuldade crescente de ter "uma troca objetiva de argumentos".
Trata-se do primeiro ministério a tomar uma decisão deste género na Alemanha.
O ministério reserva-se, no entanto, o direito de reagir "excecionalmente" na plataforma X, por exemplo, no caso de uma "campanha de desinformação".
Desde a sua aquisição, em 2022, por Elon Musk, a rede social X (antigo Twitter) tem sido acusada por vários meios de comunicação social e utilizadores de difundir informações falsas e de não atribuir recursos suficientes para moderar as trocas de opiniões na plataforma.
Fervoroso apoiante do Presidente eleito norte-americano, Donald Trump, o empresário defende uma visão radical da liberdade de expressão, afirmando rejeitar todas as formas de censura. Em novembro passado, Trump anunciou a nomeação de Elon Musk para chefiar um novo departamento de "eficiência governamental".
Até à data, o Governo alemão tem defendido a sua presença na plataforma com o argumento de que é necessário "ir onde as pessoas procuram informação".
No início do mês, Berlim argumentava que "retirar-se desta plataforma seria mais prejudicial do que benéfico", explicou então o porta-voz do Governo, Steffen Hebestreit, embora tenha dito que a questão estava a ser constantemente analisada.
O reiterado apoio público dado ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) por Elon Musk, o homem mais rico do mundo, nas últimas semanas, provocou a indignação dos partidos do Governo alemão.
Além disso, Musk e o chanceler alemão, Olaf Scholz, já se tinham envolvido numa troca de argumentos, no último mês.
Em diferentes momentos, o dono do X apelidou o chanceler de "louco" e de "imbecil e incompetente", tendo atacado também o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, chamando-o de "tirano".
No início do mês, Olaf Scholz, classificou de "erráticas" as declarações do empresário norte-americano Elon Musk a propósito das eleições legislativas da Alemanha e o seu apoio ao partido de extrema-direita AfD, segunda força política nas intenções de voto no escrutínio marcado para 23 de fevereiro.
"Na Alemanha tudo acontece de acordo com a vontade dos cidadãos e não de acordo com as declarações erráticas de um multimilionário norte-americano", afirmou Olaf Scholz, numa entrevista publicada na revista alemã Stern.
"O Presidente alemão não é um tirano antidemocrático e a Alemanha é uma democracia forte e estável -- não importa o que o senhor Musk diga", sublinhou na mesma ocasião o chanceler social-democrata.
Várias instituições e meios de comunicação social já suspenderam a sua atividade no X na Alemanha e noutros países, incluindo o Tribunal Federal de Justiça e sindicatos, nomeadamente o sindicato dos serviços (Verdi), que descreveu a plataforma como um "fórum de ódio, desinformação e propaganda de extrema-direita".
Além disso, cerca de 60 estabelecimentos de ensino superior e institutos de investigação alemães anunciaram na sexta-feira que iam abandonar a rede social.
No outono passado, clubes de futebol como o Werder Bremen, tetracampeão alemão, e o Sankt Pauli, de Hamburgo, também abandonaram o X, tal como os supermercados Aldi Nord.
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