A procura de exoplanetas semelhantes à Terra (planetas que orbitam estrelas diferentes do Sol) é o foco central da investigação planetária atual, uma vez que é muito provável que vida extraterrestre seja aí encontrada.
Investigadores da Universidade de Berna, na Suíça, desenvolveram um modelo inovador de aprendizagem automática que identifica sistemas planetários que podem hospedar planetas semelhantes à Terra, num estudo publicado na revista Astronomy and Astrophysics, noticiou na quarta-feira a agência Europa Press.
Um modelo de aprendizagem automática é uma ferramenta estatística treinada em dados para reconhecer certos tipos de padrões e fazer previsões.
A investigadora de pós-doutoramento Jeanne Davoult, principal autora do estudo, explicou, em comunicado, que este modelo se baseia num algoritmo que desenvolveu e que foi "treinado para reconhecer e classificar sistemas planetários que hospedam planetas semelhantes à Terra."
O modelo baseia-se em estudos anteriores para inferir uma correlação entre a presença ou ausência de um planeta semelhante à Terra e as propriedades do seu sistema.
O algoritmo foi treinado e testado com dados do chamado Modelo de Formação e Evolução Planetária de Berna.
"O Modelo de Berna fornece informações sobre como os planetas se formaram, como evoluíram e que tipos de planetas se desenvolvem sob certas condições num disco protoplanetário", explicou o coautor, Yann Alibert.
Desde 2003, o Modelo de Berna tem sido continuamente desenvolvido na Universidade de Berna.
"O Modelo de Berna é um dos poucos modelos no mundo que oferece uma gama tão ampla de processos físicos inter-relacionados e permite um estudo como o atual", frisou ainda Alibert.
O algoritmo do novo modelo de aprendizagem automática foi treinado e testado utilizando dados do sistema planetário sintético do Modelo de Berna.
"Os resultados são impressionantes: o algoritmo atinge valores de precisão até 0,99, o que significa que 99% dos sistemas identificados pelo modelo de aprendizagem automática contêm pelo menos um planeta semelhante à Terra", destacou Davoult.
O modelo foi posteriormente aplicado a sistemas planetários observados e identificou 44 sistemas com elevada probabilidade de albergar planetas semelhantes à Terra não detetados.
Um estudo subsequente confirmou a possibilidade teórica de estes sistemas albergarem um planeta semelhante à Terra", salientou Davoult.
Leia Também: UE conta com 20 mil milhões de euros para se tornar num continente e IA