O projeto FEEdBACk, financiado pela Comissão Europeia e cujo orçamento alcança os 2,3 milhões de euros, conta com a participação de investigadores de sete países, que estão a trabalhar para promover, estimular e produzir uma energia mais eficiente, através de mudanças comportamentais.
Para tal, a equipa está a desenvolver uma aplicação móvel, com uma interface "interativa e amigável" e que pode ser instalada nos telemóveis e nos computadores, para "motivar uma utilização mais eficiente da energia, através de mensagens personalizadas e de competição entre pares", explicou à Lusa o investigador do Centro de Sistemas de Energia do INESC TEC, Filipe Joel Soares, responsável pelo projeto.
A ideia, continuou, é que a aplicação estimule pequenas alterações nos hábitos diários que, por sua vez, possam conduzir a poupanças energéticas e financeiras significativas, quer nas casas dos consumidores quer nos locais de trabalho.
Numa primeira fase, a aplicação recolhe dados dos utilizadores relativos aos hábitos diários, de forma a criar um padrão comportamental.
Com base nesses dados, são definidas estratégias personalizadas, visto que algumas pessoas são estimuladas pela competição e outras pela poupança ou pelo impacto das suas ações no meio ambiente, notou o responsável.
Segundo o investigador, a possibilidade de previsão das ações dos utilizadores é a "grande novidade" associada a esta aplicação.
"As mensagens só fazem sentido se os utilizadores a receberem na hora exata em que vão fazer algo, indicando-lhes que o podem fazer de uma maneira mais eficiente", frisou.
E exemplificou: "nos escritórios, ao meio-dia, grande parte das pessoas levantam-se para ir almoçar e não desligam o monitor. Caso receba um alerta para que o desligue, explicando quanto poupará com essa ação, isso pode ajudar a mudar o comportamento".
Esta tecnologia vai ser testada, numa primeira fase, em três áreas de demonstração, em Portugal (edifício do INESC TEC), em Espanha (vários edifícios no Município de El Prat, em Barcelona) e na Alemanha (zona residencial localizada em Lippe).
No caso português, os dados utilizados pela aplicação vão ser recolhidos por diversos sensores instalados no edifício do INESC TEC, que medem a temperatura, a quantidade de dióxido de carbono, a humidade e a luminosidade, entre outros fatores.
Além de jogos e questionários relacionados com comportamentos energeticamente eficientes, estão a ser desenvolvidos painéis onde os utilizadores podem comparar o seu desempenho energético com o dos seus pares e partilhá-los nas redes sociais.
As mudanças comportamentais não serão promovidas apenas nas áreas de demonstração, avançou o investigador, contando que campanhas de sensibilização vão estar disponíveis nas redes sociais ou no 'website' no projeto.
Filipe Joel Soares considera que este projeto, iniciado em novembro de 2017 e que tem a duração de três anos, pode ser replicado noutros contextos, de forma "relativamente simples".