O Troféu C1 evoluiu e internacionalizou-se. No quinto ano de competição, uma das provas do portefólio da Motor Sponsor vai correr, além de Portugal, também na Bélgica.
André Marques e Ricardo Leitão, dois dos responsáveis da empresa organizadora de eventos, falaram em exclusivo com o Auto ao Minuto e explicaram o rumo diferente e a fase de "maturação" em que está a "competição automobilística mais barata em Portugal".
Houve ainda espaço para falar sobre o crescimento da Cars & Vibes Cup (antiga Civic Atomic Cup) e a falta de adesão à Fórmula Futuro.
Correr em dois dos palcos mais icónicos do mundo fez com que não hesitássemos nem por um segundo
Seis anos depois da criação da Motor Sponsor, eis que surge a internacionalização de uma competição por vós criada. Qual é o sentimento?
André Marques: É um sentimento de materialização de tudo o que foi feito até então com a, agora, C1 Eurocup. Chegamos à 5ª temporada com números que nos enchem de orgulho: 597 pilotos, 114 equipas, 14 provas, 42 horas de corrida e mais de 13.000€ distribuídos em prémios. Com esta internacionalização queremos proporcionar a melhor época de sempre aos nossos pilotos e equipas. Não só com esta novidade no calendário, mas também com um upgrade técnico, criação de um espaço hospitality, novas classes e passamos a ter um elemento na nossa estrutura, Ricardo Leitão, dedicado em exclusivo à gestão operacional e relação com pilotos e equipas.
Como foi possível realizar corridas na Bélgica?
Ricardo Leitão: Fazer corridas na Bélgica tornou-se possível através da parceria entre a Motor Sponsor e a organização belga. Trabalhámos juntos numa integração de parte a parte, tornando assim tudo possível e fazendo com que, no geral, isto proporcione grelhas maiores e mais competitivas. A juntar a isso, Zolder e Spa-Francorchamps são circuitos que ocupam um lugar muito especial no coração de quem corre, são transversais a qualquer idade, e ter a oportunidade de correr em dois dos palcos mais icónicos do mundo fez com que não hesitássemos nem por um segundo em torná-los parte do nosso calendário.
As corridas são realizadas em equipa, no caso de 3 a 8 pilotos, o que torna os valores de participação acessíveis, as quais se junta o baixo custo de operação dos carros
Em 2022, em entrevista ao Notícias ao Minuto, referiram o troféu C1 como a competição mais barata em Portugal. Ainda assim se mantém?
Ricardo Leitão: Sim, e este ponto foi algo que tivemos sempre em máxima consideração ao desenhar todo o projeto de 2023. Conseguimos que a C1 Eurocup se mantenha como a competição mais barata em Portugal, e isso deve-se ao facto de o tempo de pista, que este ano cresce ainda mais, em relação ao custo financeiro puro, ser baixo. O conceito é simples: as corridas são de resistência, por isso são realizadas em equipa, no caso de 3 a 8 pilotos, o que torna os valores de participação acessíveis, as quais se junta o baixo custo de operação dos carros (consumíveis, manutenção, etc.).
Além desta inovação no calendário, agora internacional, também há novidades técnicas para este ano. Fala-nos um pouco destas alterações para 2023.
Ricardo Leitão: A nível técnico, tal como a nível desportivo, orgulhamos-mos de ser uma referência, desde o controlo técnico até à criação de soluções, sempre com o objetivo de trazer mais igualdade ao troféu. Para 2023 decidimos também elevar a fasquia a nível de performance. Desenvolvemos uma suspensão específica para o C1 que nos permitiu tornar o carro mais rápido, enquanto a nível técnico criámos uma ficha técnica para o motor, o que é algo inédito e mais um importante passo para que o rigor da igualdade e do mérito continuem a ser uma referência na C1 Eurocup.
O que aconteceu à Fórmula Futuro?
Ricardo Leitão: A Fórmula Futuro, apesar de ter criado bastante impacto após ser comunicada, acabou por não ter adesão. É algo que, como é óbvio, não estávamos à espera. No entanto, da nossa parte existe o sentimento de missão cumprida no que diz respeito à criação de um degrau de acesso aos monolugares a preços bastante acessíveis. A Fórmula Futuro fez parte de um dos nossos planos para revitalizar as Single Seater Series em Portugal, e apesar de não ter tido adesão, a série em si tem vindo a renascer, com o número de fórmulas a crescer de prova para prova, dos mais clássicos aos mais recentes.
A Cars & Vibes Cup já cresceu para 11 carros. Este é um ano de afirmação
A C1 Eurocup é, talvez, a maior competição organizada pela Motor Sponsor, mas existem ainda a Cars & Vibes Cup (antiga Civic Atomic Cup) e as Single Seater Series. Como será o futuro destas competições e quais as ideias pensadas para elas nos próximos anos?
Ricardo Leitão: A C1 Eurocup vai para o seu 5º ano de existência, e sempre com grelhas recheadas, o que para um troféu monomarca é algo de facto notável. A competição veio colmatar uma falha que existia na velocidade em Portugal, que era a ausência de corridas de resistência. Este ano decidimos criar uma experiência única com a internacionalização e dado o feedback recebido tudo indica que a aposta foi ganha, o que no geral nos leva a pensar que a C1 Eurocup está numa fase de maturação, continuando a receber caras novas ano após ano e cativando as equipas que já se encontram a competir a continuar.
Em relação à Cars & Vibes Cup, apesar de ter tido um início mais ‘suave’, com 8 carros, este ano a grelha já cresceu para 11 carros. É importante ter a noção de que nunca teremos os números de uma C1 Eurocup (40 carros em pista), no entanto, o facto de este ano a grelha do Campeonato de Portugal de Velocidade de Legends, na qual a Cars & Vibes Cup se insere, ter-se separado, vai permitir cimentar ainda mais a posição do troféu, que apresenta um rácio custo vs rapidez em corridas de sprint muito difícil de bater, ou seja, acreditamos que este ano é um ano de afirmação e crescimento da Cars & Vibes Cup.
Por fim, as Single Seater Series estreiam este ano um formato totalmente distinto, com provas ‘convencionais’ e sessões de time attack. Uma opção que faz parte de um plano pensado em conjunto por nós, organização, e por todos os pilotos da série, o qual vai proporcionar mais do dobro do tempo de pista a todos os pilotos e faz desta uma época em que iremos continuar a fazer crescer a grelha das Single Seater Series e a fazer regressar às pistas muitos carros que neste momento se encontram parados. Estamos por isso totalmente confiantes para a desafiante época de 2023 que teremos pela frente.
[Notícia atualizada no dia 3 de março, às 16h35]