Bruxelas quer equidade no setor dos elétricos perante apoios chineses
A Comissão Europeia, que abriu uma investigação à China por alegadas ajudas ilegais como auxílios diretos e créditos no setor dos carros elétricos, salienta que o processo está a decorrer, garantindo estar "muito vigilante" e querer "equidade".
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Auto Comissão Europeia
"A investigação das importações de veículos elétricos da China está em curso. Tivemos simplesmente de adotar esta decisão porque a UE é sempre a favor da liberdade, mas também de comércio justo e quando assistimos ao afluxo de veículos elétricos chineses ao mercado da UE, tivemos, naturalmente, de nos tornar muito vigilantes e quisemos ter a certeza de que tudo está em ordem e é compatível com as normas internacionais e com as práticas internacionais", disse hoje o vice-presidente executivo da Comissão Europeia Maros Sefcovic.
De acordo com o responsável pelas pastas do Pacto Ecológico Europeu e das Relações Interinstitucionais, explicou que a investigação iniciada em outubro pela União Europeia (UE) visa "garantir que todos os carros elétricos chineses que entram no mercado europeu não só respeitam as leis europeias, como as práticas comerciais internacionais", sendo esta avaliação que está a decorrer.
"Estou certo de que será bastante claro que o que queremos é uma relação em que as questões do comércio internacional sejam tratadas de forma justa e equitativa no que diz respeito à indústria automóvel. Penso que somos os primeiros no mundo no que respeita a normas e qualidade", adiantou Maros Sefcovic, falando em conferência de imprensa em Bruxelas no dia em que o executivo comunitário propôs um adiamento de três anos das tarifas aduaneiras que estão previstas ser aplicadas a partir de janeiro aos veículos elétricos importados ou exportados do Reino Unido.
A posição surge também um dia antes da cimeira UE-China, que decorre na quinta-feira e sexta-feira em Pequim, e na qual Bruxelas vai pedir uma relação comercial com menos desigualdades, hoje expressas também num défice comercial de 400 mil milhões de euros entre os dois blocos.
No início de outubro, a Comissão Europeia abriu formalmente uma investigação à China por alegadas ajudas ilegais, como auxílios diretos e créditos, naquele que classificou como "setor sensível e com importância estratégica" dos carros elétricos.
Na altura, Bruxelas salientou ter provas suficientes contra Pequim.
Em concreto, a Comissão Europeia adiantou na informação publicada no Jornal Oficial da UE ter provas de diversos auxílios diretos, empréstimos, créditos à exportação e linhas de crédito concedidos por bancos estatais ou ainda benefícios fiscais.
O inquérito abrange alegadas práticas ilegais entre 01 de outubro de 2022 e 30 de setembro de 2023.
Segundo dados da Comissão Europeia, os carros elétricos chineses, que entraram recentemente na UE, já representam 8% do mercado total, sendo 20% mais baratos face à concorrência europeia.
A China, que tem emergido como potência económica, tem avançado com uma robusta estratégia de investimento estatal, que a UE contesta por afetar a concorrência.
Em causa estão avultadas subvenções a empresas chinesas a investir no estrangeiro, principalmente em setores estratégicos.
A dimensão do mercado chinês e fortes apoios estatais propiciaram a ascensão de marcas locais, incluindo a BYD, NIO ou Xpeng.
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