De acordo com a imprensa alemã, citada pela Efe, a empresa notificou na terça-feira o sindicato IG Metall da rescisão do acordo coletivo de garantia de emprego, renovado desde 1994 e que excluía os despedimentos por motivos operacionais.
Este acordo expira no final do ano e os despedimentos serão assim possíveis a partir de julho de 2025, se o sindicato e a empresa não chegarem a um acordo antes dessa data.
Outros acordos, como a garantia de contratação de estagiários profissionais e as regras relativas ao trabalho temporário, também serão rescindidos no final do ano, com o objetivo de renegociar, entre outras coisas, os salários dos trabalhadores e dos gestores.
"Temos de colocar a Volkswagen em condições de reduzir os custos na Alemanha para um nível competitivo, de modo a podermos investir em novas tecnologias e novos produtos com a nossa própria força", declarou o diretor dos recursos humanos, Gunnar Kilian.
Já a comissão de trabalhadores disse que se vai defender "ferozmente contra este ataque histórico" aos seus postos de trabalho, segundo o diário alemão Spiegel.
Com esta medida, o grupo automóvel dá mais um passo no sentido de endurecer o seu programa de redução de custos, em pelo menos 10 mil milhões de euros até 2026.
A Volkswagen está mesmo a considerar o fecho de fábricas e despedimentos na Alemanha, como parte do plano de redução de custos, para fazer face a uma "situação extremamente tensa".
Segundo uma nota do presidente executivo do grupo, Oliver Blume, citada pela AFP, na semana passada, a Alemanha "está a perder cada vez mais terreno em termos de competitividade" e "o encerramento de fábricas nos locais de produção de veículos e componentes já não pode ser excluído".
A concretizar-se, a decisão de fechar uma fábrica seria a primeira desde 1988, quando a empresa fechou a fábrica em Westmoreland, nos Estados Unidos. Já na Alemanha, a Volkswagen nunca fechou uma fábrica nos seus 87 anos de história.
Na nota, o CEO também admitia despedimentos, ponderando abandonar o acordo que protegia empregos até 2029, já que as medidas que têm sido tomadas para cortar custos, como reformas antecipadas e saídas voluntárias, podem não ser suficientes.
A Volkswagen "deve agora agir de forma decisiva", enquanto "a indústria automóvel europeia se encontra numa situação muito exigente e grave", disse, nomeadamente devido à entrada de novos concorrentes nos mercados europeus.
Não há ainda detalhes sobre o número de empregos potencialmente ameaçados, sendo que existem 300 mil pessoas empregadas no grupo Volkswagen na Alemanha, que também inclui outras marcas como a Audi, 120 mil das quais especificamente na marca Volkswagen.
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