Morreu o escritor John le Carré aos 89 anos
O escritor britânico John le Carré, um dos autores mais proeminente de ficção de espionagem em inglês, morreu, aos 89 anos, informou este domingo o seu agente.
© Lusa
Cultura John le Carré
De acordo com a agência do escritor, a Curtis Brown, David Cornwell, que assinava como John le Carré, morreu no sábado na Cornualha, no sul da Inglaterra, vítima de pneumonia, segundo a família.
John le Carré trabalhou para os serviços de inteligência britânicos antes de levar a sua experiência para a ficção em obras como 'A Toupeira' e 'O Espião que Veio do Frio'.
"É com grande tristeza que devo anunciar que David Cornwell, conhecido em todo o mundo como John le Carré, morreu, após uma breve doença (não relacionada a Covid-19) na Cornualha na noite de sábado, 12 de dezembro de 2020. Ele tinha 89 anos. Os nossos pensamentos estão com seus quatro filhos, suas famílias e sua esposa, Jane", disse Jonny Geller, presidente da Curtis Brown Group, a agência do escritor.
Antes de se tornar escritor, trabalhou para os serviços de inteligência britânicos, levando a sua experiência pessoal para a ficção em obras como 'Chamada para a Morte', 'A Rapariga do Tambor', 'O Fiel Jardineiro', 'Guerra de Espelhos', 'A Toupeira' ou 'O Espião que Saiu do Frio' - um dos mais conhecidos - de um total de 25 obras publicadas em Portugal desde os anos 1960 por várias editoras.
Com uma prosa lírica e concisa, Le Carré conseguiu fundir a complexidade da espionagem na ficção literária, reunindo os ingredientes da traição, o compromisso moral e o preço a pagar por uma vida secreta, que captavam o interesse dos leitores.
Muitos dos seus livros foram adaptados para o cinema ou a televisão, nomeadamente 'A Gente de Smiley' e 'A Toupeira', com Alec Guiness no papel de agende Smiley.
Para Le Carré, o mundo da espionagem 'era uma metáfora para a condição humana', comentou a escritora Margaret Atwood na rede social Twitter, acrescentando que a sua obra é fundamental para conhecer os meados do século XX.
Também o escritor Stephen King lamentou o desaparecimento do autor, descrevendo-o como 'um gigante literário e um espírito humanitário'.
Nascido David John Moore Cornwell, em Poole, Inglaterra, a 19 de outubro de 1931, teve uma educação de classe média alta, frequentando a escola privada de Sherborne, estudou literatura alemã durante um ano, literaturas modernas na Universidade de Oxford, e fez o serviço militar obrigatório na Áustria, onde interrogava desertores dos países de leste.
A vida familiar foi bastante instável, já que o pai se associou a mafiosos e passou algum tempo na cadeia por fraude, enquanto a mãe abandonou a família quando David tinha apenas cinco anos, só vindo a contactá-la novamente aos 21 anos.
Esta incerteza e experiências extremas constantes levaram a que desenvolvesse uma consciência elevada sobre a superfície e a realidade da vida, e uma familiaridade com o secretismo que lhe foi útil para o futuro profissional.
Oficialmente trabalhava como diplomata, mas na realidade esse lugar era um disfarce, já que foi um operacional dos serviços secretos britânicos, trabalhando na Alemanha, durante a Guerra Fria.
A sua carreira como agente secreto terminou quando o duplo agente britânico Kim Philby revelou quem era ao KGB, obrigando-o a terminar o trabalho para o MI16.
Como os primeiros livros foram escritos quando já trabalhava como espião, os superiores exigiram que usasse um pseudónimo para não ser reconhecido, e escolheu o apelido francês Le Carré simplesmente porque - dizia - gostava da 'sonoridade vagamente misteriosa das palavras'.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com