Na terça-feira, a Assembleia Municipal de Lisboa (AML) aprovou a expansão, apreciada em reunião plenária, com os votos contra do CDS-PP, a abstenção de PSD, MPT, PPM e de um eleito independente, tendo os restantes partidos e deputados independentes votado favoravelmente.
Questionado pela agência Lusa sobre esta aprovação, o diretor do MNAA comentou que "a expansão do museu para a zona da Avenida 24 de Julho é muito importante no quadro de uma estratégia de conquista relevante de público, de aumento de acessibilidades, e de espaços novos para o acervo e serviços" da instituição, criada em 1884.
O MNAA alberga a mais relevante coleção pública do país em pintura, escultura, artes decorativas -- portuguesas, europeias e da Expansão --, desde a Idade Média até ao século XIX, incluindo o maior número de obras classificadas como "tesouros nacionais", assim como a maior coleção de mobiliário português.
O Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana das Janelas Verdes já tinha sido aprovado em fevereiro, em reunião camarária, com os votos contra do CDS-PP e os votos a favor de PS, PSD, PCP e BE, e, na altura, o arquiteto da autarquia, Paulo Pais, explicou que o plano faz "uma reserva de solo para expansão do Museu Nacional de Arte Antiga".
"A falta de espaço é um dos problemas estruturais que o MNAA tem para resolver há muito tempo, e é essencial avançar na sua atividade, para apresentar e reorganizar as coleções, e ter maior capacidade de trabalho, nomeadamente no serviço educativo, e nos ateliês de restauro", apontou o responsável à Lusa.
Com as entradas principais voltadas para a Rua das Janelas Verdes, o museu tem-se debatido também com limitação de espaço para estacionamento de veículos particulares e transportes de turismo e de visitas escolares, além do serviço mais limitado de transportes públicos naquela via, apontou.
"Esta expansão voltada para a 24 de Julho seria muito importante para o museu entrar na ligação estratégica da Baixa/Belém, porque atualmente está, de alguma forma, fora desse eixo", avaliou o diretor, em declarações à Lusa, defendendo que "os responsáveis pela cidade devem ter a consciência de que o MNAA é um equipamento cultural muito importante para a capital".
O projeto de expansão do MNAA - recordou - existe há uma década, e já desde o início dos anos 1990, durante a existência do Instituto Português de Museus (IPM), surgiram alguns projetos, quando se equacionou também a criação de uma ponte superior de acesso ao museu, sobre a linha de caminho de ferro.
"Quase todos os principais museus do mundo, desta dimensão, foram alvo, entre o final do século passado e a primeira década deste século, de obras de remodelação e de expansão, porque são estruturas bastante antigas e não conseguiam responder ao aumento do turismo. Para isso é necessário mais espaço e mais condições", defendeu o historiador de arte à Lusa.
Quanto ao MNAA: "Nós ainda temos uma estrutura espacial que vem de 1937, que daqui a pouco fará um século, e já não responde às necessidades e solicitações atuais", avaliou.
A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou há dois anos uma recomendação para que a Câmara de Lisboa, presidida por Fernando Medina (PS), concluísse o Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana das Janelas Verdes para a ampliação do Museu Nacional de Arte Antiga.
O historiador António Filipe Pimentel, que dirigiu o museu desde 2010, saiu do cargo em junho de 2019 "por falta de condições" para trabalhar numa instituição que disse, estava, "no limite das forças".
Em 2016, a Câmara de Lisboa aprovou uma permuta com uma empresa do setor hoteleiro, prevendo a ampliação do MNAA. Poucos meses antes, no final de 2015, adotara medidas que visavam a suspensão de operações urbanísticas na envolvente do museu, de modo a não se pôr em causa a sua expansão, no âmbito do Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana das Janelas Verdes.
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