Escritor Mario Roberto Morales morre após agravamento da doença Covid-19
O escritor Mario Roberto Morales, distinguido com o Prémio Nacional de Literatura da Guatemala em 2007, morreu hoje aos 74 anos, por complicações relacionadas com a covid-19, informou a família.
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Cultura Guatemala
De acordo com a agência de notícias Efe, o escritor tinha sido internado num hospital privado na semana passada, mas após o agravamento do estado de saúde foi transferido para o Hospital Nacional de Especialidades de Villa Nueva, um município a sul da capital da Guatemala, onde acabaria por morrer.
Fundador de um grupo de guerrilha na década de 1970, que anos depois se converteu na entretanto desaparecida Organização Revolucionária do Povo em Armas (ORPA), Morales destacou-se pela crítica social, presente nas suas obras.
Durante a militância na guerrilha de esquerda, que abandonou em finais dos anos 80, por divergências com os dirigentes, promoveu o radicalismo armado e a "revolução cultural".
'La Debacle' (Guatemala, Editorial Istmo, 1969), uma coletânea de contos, foi a primeira de uma série de publicações que lhe valeram prémios e o reconhecimento a nível latino-americano, além de traduções em várias línguas.
'Señores bajo los árboles' (Guatemala Artemis, 1994), um romance "metade ficção e metade realidade", foi, segundo o autor declarou em 2007, o que mais críticas recebeu, "tanto da esquerda como da direita, que até o censuraram, para evitar que as novas gerações saibam o que se passou no país".
A obra relata dezenas de matanças coletivas perpetradas contra a população indígena, tanto por militares como por guerrilheiros, durante os anos mais sangrentos da guerra interna em que a Guatemala esteve mergulhada entre 1960 e 1996, e da qual Morales foi um dos protagonistas.
Separando-se da guerrilha, Morales publicou várias obras em que questionava a forma como os líderes insurgentes conduziram a guerra.
Dessas obras, a que mais polémica suscitou entre a esquerda guatemalteca foi 'Los que se fueron por la libre'.
Em 2007, o júri do Prémio Nacional de Literatura Miguel Ángel Asturias reconheceu na obra literária de Morales (ficção, ensaio, poesia e jornalismo) "a busca e a experimentação que se produziu nas letras nacionais durante os anos 70, sem as quais é impossível explicar o clima de liberdade criativa, formal e intelectual em que a literatura guatemalteca se desenvolve na atualidade".
Antes disso, recebeu o Prémio de Novela da América Central e Caraíbas, em 1971, e, em 1986, o Prémio Único de Novela da América Central da Direção Geral da Cultura e Belas Artes da Guatemala e o Prémio de Novela da América Latina Educa na Costa Rica.
Nas últimas eleições presidenciais, em 2019, Morales apoiou o Movimento para a Libertação dos Povos (MLP), uma organização política que defende os direitos humanos e os direitos dos indígenas, que ficou em quarto lugar no escrutínio.
Desde o início da pandemia, o país da América Central acumulou um total de 12.907 mortes por coronavírus e 521.093 infeções.
Com uma população de cerca de 17 milhões de pessoas, a Guatemala tem uma das mais baixas taxas de vacinação na região, com apenas 3.963.266 pessoas inoculadas com a primeira dose da vacina e 1.899.512 com a vacinação completa.
A covid-19 provocou pelo menos 4.656.833 mortes em todo o mundo, entre mais de 226,31 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência de notícias France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.888 pessoas e foram contabilizados 1.059.409 casos de infeção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.
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