CCB quer continuar a ser ponte "entre mundos" na nova normalidade de 2022
O presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), Elísio Summavielle, afirmou hoje que a instituição continuará a apresentar uma programação de "ponte entre mundos", em 2022, e espera que, "se tudo correr bem", 2023 terá programação "ainda mais consistente".
© Lusa
Cultura CCB
Depois de mais de um ano com "a vida normal perturbada" pela pandemia covid-19, o CCB espera que a "nova normalidade" atravesse a temporada 2021/2022, que foi hoje apresentada aos jornalistas, e que inclui espetáculos de teatro, música, dança e conferências para vários públicos.
"Estivemos a viver um tempo muito complicado de equilíbrios nos cancelamentos e adiamentos [de espetáculos], procurando honrar compromissos", recordou o presidente do CCB, comentando que, no entanto, a programação do verão que agora termina, intitulada 'Destemporada', "até correu bastante bem, pese embora a limitação de públicos".
Por precaução, segundo o presidente da Fundação CCB, a nova temporada - denominada 'Mundos' - volta a ser anunciada em pormenor só até janeiro de 2022, devido às incertezas da evolução da pandemia, embora já esteja delineada até junho, e foram revelados alguns destaques.
"Estamos a viver entre mundos, novas realidades, e algo irá mudar, portanto, esta ponte é necessária nas diversas artes performativas", sublinhou, sobre a continuidade que será dada a parcerias, nomeadamente com o Teatro Nacional São João, no Porto, "especial atenção à dança", e internacionalização.
Elísio Summavielle - que termina o atual mandato à frente do CCB em março de 2022 e já anunciou que não pretende continuar, porque quer dedicar-se a projetos pessoais - vê o futuro de forma otimista: "Se tudo correr bem, em 2023 já se poderá apresentar uma programação ainda mais consistente".
Na mesma linha, Delfim Sardo, administrador com o pelouro da programação, sublinhou que, depois do "período muito complicado" vivido pelo CCB, "chegou a altura de voltar a uma situação normal e partir do princípio que, a partir de outubro, as salas já possam ter a lotação de público a cem por cento".
"O CCB tem a especificidade de acolher produções culturais muito diversas para públicos muito diversos, em espaços de várias dimensões. A nova programação cruza diferentes mundos e formas de os olhar e entender", disse o programador, sobre a opção de se basear na história das artes, mas também de "mergulhar no desconhecido", nos espaços mais experimentais do centro cultural.
Depois de um período conturbado, Delfim Sardo considera que há uma necessidade de "criar um verbo novo, 'mundar', por exemplo, para criar novos mundos e com eles mudar para outra realidade, razão também pela qual foram convidados diversos pensadores, para, em ciclos de conferências, "ajudar a pensar o que é o mundo agora".
Todos os ciclos da área pensamento irão dar origem a publicações, revelou o administrador, sublinhando que "as duas apetências de ser uma grande máquina multimodal, num trabalho para públicos alargados e para nichos, é onde reside a vitalidade do CCB".
Acrescentou que o centro pretende "continuar a olhar para os grandes criadores portugueses e abrir-lhes as portas para apresentar as grandes produções, mas também olhar para os artistas emergentes", razão pela qual está a ser planeada uma colaboração com o Espaço Gaivotas [Polo Cultural Gaivotas, em Lisboa], indicou, como exemplo.
Quanto à situação do Museu Coleção Berardo, do qual o presidente do CCB é o fiel depositário desde 2019, por ordem do tribunal, de 862 obras de arte do acordo entre o Estado e o colecionador José Berardo, na sequência de um processo que lhe foi interposto por três instituições bancárias, Elísio Summavielle indicou que a situação se mantém inalterada.
"O tribunal designou o presidente do CCB como fiel depositário, com o dever de zelar pela preservação do acervo e normal funcionamento do museu, e isso foi garantido", indicou, revelando que esse acompanhamento é feito com informações mensais às autoridades.
Sobre o futuro deste processo, que continua em tribunal, Summavielle não quis avançar desfechos: "Tudo está em aberto, os tribunais é que vão decidir", disse, comentando que "a coleção [do acordo entre o Estado e Berardo] é de altíssimo interesse nacional".
Também não quis avançar os projetos pessoais que fará quando deixar de ser presidente do CCB, apontando que sairá guardando "as melhores recordações do CCB".
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