Numa mensagem alusiva ao Dia Nacional da Morna, assinalada em 03 de dezembro, o ministro cabo-verdiano lembra que no ano da sua elevação a património cultural imaterial da humanidade, em 2019, e no ano seguinte, o dia foi comemorado em todo o território nacional e na diáspora com muitos eventos.
"Este ano atípico decorrente das mazelas da pandemia, a sombra de uma nova vaga, com reflexos negativos a nível orçamental, decretam comemorações menos efusivas", lamentou o também titular da pasta das Indústrias Criativas.
Segundo o ministro, a concentração dos esforços orçamentais em áreas como família, inclusão social e afins relegou "para segundo plano" a continuidade, por hora, das ações inseridas no plano de salvaguarda.
"Não obstante, continuou-se a apostar no vertente ensino artístico com a continuidade dos projetos financiados pelo BA-Cultura, através da Academia Cesária Évora e pedagogicamente junto às escolas do ensino básico e secundárias", apontou.
Além disso, em 18 e 19 de dezembro vai ser realizada em São Domingos, ilha de Santiago, uma feira cultural sobre a morna, e a 17 deste mês assinala-se ainda mais um ano, o 10.º, da morte de Cesária Évora, a cantora de maior reconhecimento no país e considerada a "rainha" da morna.
Nesse âmbito, vão ser realizados um conjunto de atividades, sob o epíteto "10 one di sodade" (10 anos de saudade), que culminarão com a tradicional serenata e concerto na rua do Núcleo Cesária Évora, em Mindelo, a par de várias iniciativas individuais, dentro e fora do país.
"Visam marcar a data, transmitir a mensagem de que, apesar das vicissitudes atuais, continuamos firmes no propósito de seguir elevando a morna e seus cultores, crentes em dias melhores e no retorno pujante do processo de implementação do plano de salvaguarda da mesma junto aos detentores, à comunidade artística, à sociedade cabo-verdiana", concluiu o ministro.
Desde 2018 que a morna passou a ter um dia nacional, 03 de dezembro, dia de nascimento do compositor mindelense Francisco Xavier da Cruz ou B.Leza, uma das maiores referências daquele género musical.
A morna, género musical típico de Cabo Verde, foi proclamada em 11 de dezembro de 2019 como Património Imaterial Cultural da Humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
Geralmente acompanhada por viola, cavaquinho, violino e piano, o "instrumento de excelência da morna" é o violão, introduzido em Cabo Verde no século XIX.
A candidatura de Cabo Verde foi alicerçada na cultura popular que manteve viva a morna até aos dias de hoje, alimentada por músicos e intérpretes de todas as idades.
O processo levado à UNESCO conta com 77 declarações individuais de consentimento e apoio, de instrumentistas, compositores e intérpretes de morna, até artesãos e construtores de instrumentos de corda.
O dossiê cabo-verdiano contou com o apoio técnico de Portugal e com a colaboração do antropólogo Paulo Lima, especialista português na elaboração de processos de candidatura a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO, como o fado, o cante alentejano e a arte chocalheira.
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