O anúncio foi feito hoje pela presidente do Conselho de Administração do Opart (Organismo de produção artística, que gere o Teatro Nacional de São Carlos e o Teatro Camões), Conceição Amaral, durante uma apresentação pública sobre as verbas do PRR para a área da Cultura.
Quanto ao Teatro Camões, o período de encerramento será mais curto e acontecerá mais cedo -- de junho a dezembro de 2023 -, por se tratar de um edifício mais recente.
O investimento global nas obras destes dois edifícios ascende quase aos 34 milhões de euros (27,93 milhões para o TNSC e 5,894 milhões para o Teatro Camões).
O diagnóstico feito ao Teatro Nacional de São Carlos (TNSC) revela fragilidades a quase todos os níveis, segundo Conceição Amaral, nomeadamente no que respeita à segurança de pessoas e bens, segurança do edifício, conforto e bem-estar tanto para trabalhadores como para visitantes, e tratamento dos acervos.
Em termos de "patologias" identificadas, a responsável aponta a necessidade de intervenção na sala principal, no pavimento, na maquinaria e sistema de som, que estão "obsoletos", na proteção térmica, que "quase não existe", e, "o mais grave", a proteção contra incêndios.
"O TNSC vive na angústia permanente e monitorização diária sobre a instalação elétrica", afirmou, destacando a "baixa resistência ao fogo e a carga elétrica muito grande" do edifício.
As "grandes obras" têm que ver com a "ausência de espaços" que urge serem criados: a construção de uma sala de ensaios para a Orquestra Sinfónica Portuguesa e um espaço para os jovens e a mediação com as crianças.
No geral, as intervenções neste monumento nacional concentrar-se-ão na recuperação de toda a sala principal, na abertura de uma nova cafetaria e uma nova loja, que não existe, obras na bilheteira, reabilitação dos espaços dos acervos, requalificação dos bastidores e dos camarins.
O próximo ano e parte do seguinte serão destinados à elaboração dos projetos, abertura de concursos e inventariação de bens, para que em 2024 se possa iniciar a obra.
Quanto ao Teatro Camões, que tem como corpo artístico residente a Companhia Nacional de Bailado (CNB), terá igualmente "duas grandes novas obras": a construção de uma sala de recuperação física e de um novo estúdio de bailado, "para permitir a facilidade de poder ter em produção e ensaio duas obras em permanência".
Ainda segundo Conceição Amaral, a sala de recuperação física é fundamental, porque atualmente os bailarinos não têm um espaço para fazer trabalho de manutenção física, nem para estar, têm apenas o estúdio de trabalho e o camarim.
No que respeita às restantes obras, a responsável destacou que a eficiência energética e o conforto para o público não são problema, dado que o edifício é recente.
No entanto, "a funcionalidade é um grande problema" e a tecnologia precisa de "urgente substituição porque está "em fim de vida e obsoleta".
No Teatro Camões, o objetivo das obras é a requalificação geral da cobertura, as fachadas e o tardoz, iluminação exterior, instalação de portas de segurança e de rampas de evacuação para pessoas com mobilidade reduzida, melhoria térmica da fachada principal, que é envidraçada, requalificação da zona pública, em particular a criação de uma loja, reabilitação da zona das bilheteiras, bem como a requalificação dos bastidores, gabinetes, corredores, camarins, oficinas e estúdios.
Durante o período em que os dois teatros estiverem encerrados para obras, a programação artística andará a percorrer o país em digressão e os profissionais a fazer trabalho fora de portas, destacou.
A sessão de apresentação pública sobre o PRR contou também com a participação da presidente do Conselho de Administração do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM), Cláudia Belchior, mas os dados sobre as verbas, a calendarização e as intervenções previstas para aquele teatro já tinham sido apresentados na segunda-feira em conferência de imprensa.
As obras no TNDM vão decorrer ao longo do ano 2023, período em que a programação andará igualmente a percorrer o país, e têm um valor estimado de 9,8 milhões de euros.