"Renovar o Passado, Construir o Futuro" é o mote da programação de Serralves para 2022, que foi hoje apresentada, na sede da fundação, no Porto.
Assentes em cinco eixos, as propostas de Serralves para 2022 contam com artistas portugueses, mostram a coleção, apostam no internacional (trazendo artistas externos e levando a coleção a outros países) e na multidisciplinaridade e inovação e comungam com o parque e o ambiente, de acordo com a apresentação do programa hoje realizada.
"Se uma exposição combinar vários destes eixos, estamos a fazer bem o nosso trabalho", considerou hoje o diretor do Museu, Philippe Vergne, durante a sessão.
A primeira exposição a inaugurar este ano é do libanês Tarek Atoui, que começou, há cerca de sete anos, a recolher sons de infraestruturas portuárias no Porto, antes de partir para outros pontos do globo, e agora apresenta no Museu e no Parque de Serralves o resultado desse trabalho.
O artista brasileiro José Leonilson terá a sua "primeira grande retrospetiva na Europa" em Serralves, entre março e setembro, e, a partir de setembro, a sua compatriota Rivane Neuenschwander "celebra as esculturas involuntárias do nosso dia-a-dia" e "a dimensão política do gesto quotidiano", destacou Vergne.
A grande exposição anual do Parque de Serralves é dedicada ao escultor Rui Chafes, que ocupará também vários espaços do museu, com "um diálogo entre o espaço interior e a envolvente exterior", lê-se na descrição da mostra que estará patente de julho até janeiro do próximo ano.
O diálogo mantém-se também entre a sua obra e a da coreógrafa Vera Mantero, que "virá várias vezes durante a exposição para uma performance" pensada em torno de uma das obras de Chafes.
A direção artística considerou, no entanto, que Mantero "devia ter mais tempo e mais espaço" além da colaboração com o escultor, e, por isso, aparecerá também em junho no âmbito do programa de artes performativas, na qual cabe igualmente o bailarino e coreógrafo australiano Adam Linder.
O eixo da coleção volta a dar destaque às obras de Joan Miró, com a continuação da mostra "Signos e Figurações", até março, e regressa em outubro com "Pas de Deux", uma exposição pensada por Robert Lubar Messeri, em que a obra do pintor catalão é confrontada com a de artistas contemporâneos.
Da coleção de Serralves serão expostas obras de Ana Jotta, em abril, e desenhos de Maria Antónia Siza, em julho.
A multidisciplinaridade e a inovação encontram o seu expoente máximo no trabalho do japonês Ryoji Ikeda, que respondeu à encomenda de Serralves com a construção de um pavilhão, em colaboração com o arquiteto Nuno Brandão Costa, que oferece uma "experiência totalmente envolvente de visualização de dados", numa instalação de som, imagem e luz.
Na Casa do Cinema Manoel de Oliveira, a relação do realizador portuense com a escritora Agustina Bessa-Luís está em destaque na exposição "O Princípio da Incerteza", inaugurada em dezembro de 2021, assim como no ciclo com o mesmo nome, "centrado na relação entre o cinema e a literatura", destacou o diretor desta valência de Serralves, António Preto.
A obra da cineasta e fotógrafa de origem belga Agnès Varda merece igualmente atenção, com a mostra "Luz e Sombra", patente a partir de junho, e uma retrospetiva seletiva que acontecerá entre outubro e dezembro, no âmbito da Temporada Cruzada Portugal-França.
Serão feitas também retrospetivas da filmografia de Ai Weiwei e de François Reichenbach, e continuado o esforço de digitalização do acervo de Manoel de Oliveira, para garantir a acessibilidade da obra.
Quanto ao Parque, a recém-nomeada diretora Helena Freitas realçou a sua "primeira vocação" - a conservação do património vegetal -, mas também a "programação de ciência e pedagógica", com especial enfoque nos fungos, que merecem até a exposição "The Art of Mushrooms".
Este ano verificar-se-á igualmente o regresso de várias iniciativas como Serralves em Festa, O Museu como Performance, O Jazz no Parque e Serralves em Luz.
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