Ao fim de uma década de existência, o festival de Leiria apresenta-se reformulado, com cinco dias de sessões competitivas e não-competitivas, uma secção dedicada a microfilmes e, pela primeira vez, inscrições pagas para filmes estrangeiros candidatos.
"Se não arriscarmos, ficamos sem perceber se funciona. Este ano estamos a arriscar", disse, em declarações à agência Lusa, um dos responsáveis pela organização, Bruno Carnide.
Se pelo lado dos realizadores internacionais a aposta está ganha - foram sujeitos à pré-seleção mais de 650 filmes, quatrocentos deles de 60 países estrangeiros -, falta saber como reagirá o público, que este ano é desafiado pelo LFF a assistir a sete sessões competitivas espalhadas por três dias, com dois outros dedicados a filmes fora da competição.
"Pensamos que o público está agora mais à vontade para encher uma sala, sem os receios que houve no ano passado [com a pandemia]. Estamos expectantes, porque já lá vão dois anos que não enchemos a sala do Teatro Miguel Franco" que recebe o festival, disse Bruno Carnide.
O também realizador admitiu que a relação dos espetadores com o cinema está melhor.
"Mas não creio que já tenha normalizado", explicou.
Procurando tornar o festival mais atrativo, o LFF reduziu a duração das sessões, definiu horários compatíveis com as rotinas laborais e diversificou a oferta.
Desde logo com a criação da secção dedicada a microfilmes (até 02 minutos), "que têm características muito específicas, na narrativa e na linguagem".
"Quem as realiza pode arriscar mais. São filmes com pequenas ideias, algumas bastante interessantes. E para o público, por mais estranhas que sejam, nunca maçam, porque são fáceis de ver", sintetizou Bruno Carnide.
A nível da seleção, os 48 documentários, animações e ficções finalistas constituem "um catálogo que enche de orgulho" a organização e que é marcado pela pluralidade.
"Há três filmes que têm como pano de fundo a covid, mas não se focam essencialmente nisso. Tentámos que não fosse um tema predominante, para não saturar o público", realçou o organizador.
Em contrapartida, há mais ficção científica, "que normalmente nunca existe no festival", e até um filme que investe no diálogo com a plateia, "Work it class!", do espanhol Pol Diggler.
"Vamos ver como as pessoas reagem: se o público ficar quieto na cadeira, vai ser apenas um momento estranho; se alinhar, vai ser uma experiência diferente", antecipou o organizador.
Extracompetição, há sessões especiais dedicadas a Inês Sá Frias, que passa em formato longa-metragem a série "Nem a gente janta", uma retrospetiva do romeno Bogdan Muresanu, uma sessão com Miguel Nunes, a propósito da curta "Anjo", e uma seleção do festival Cinanima com filmes para crianças.
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