"Ainda há bocadinho recebi mais um 'email' de um músico a oferecer-se para vir ao AngraJazz, mas já está fechado. É a prova de que o AngraJazz é um festival de altíssima qualidade, muito reconhecido e onde todos querem estar presentes", avançou José Ribeiro Pinto, da associação cultural AngraJazz, que organiza o festival desde 1999, na apresentação do cartaz, em Angra do Heroísmo.
A 23.ª edição do AngraJazz arranca no dia 06 de outubro com a Orquestra AngraJazz, formada por músicos locais, que abre todos os anos o festival.
Dirigida pelos maestros Pedro Moreira e Claus Neymark, a orquestra apresenta desta vez um repertório dedicado ao 'hard bob', um subgénero do jazz, que evoluiu do 'bebop'.
"É absolutamente fundamental para nós a existência da orquestra Angrajazz. Tem sido uma grande escola de jazz", frisou o organizador, realçando que várias bandas locais foram formadas por músicos da orquestra.
A primeira noite do festival encerra com o quinteto do baterista norte-americano Joe Dyson, "um dos grandes bateristas da nova geração", segundo José Ribeiro Pinto.
"É um músico de Nova Orleães, que toca uma bateria muito moderna, muito avançada, muito ritmada. É um músico fantástico", frisou.
No dia 07, sobe ao palco do Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo o Pedro Moreira Sax Ensemble, um deceto português composto por oito saxofonistas, um contrabaixista e um baterista.
"Não é um normal no jazz haver um grupo com tantos saxofones. É uma experiência nova, muito bonita e que resultou num disco que foi eleito o melhor disco do ano [de 2021] em Portugal", salientou o organizador.
Segue-se a jovem cantora nova-iorquina Samara Joy, "a grande revelação do canto jazz feminino".
"Ganhou o prémio Jazz Vocal Sarah Vaughan e tem ganho vários prémios por onde tem passado. É a grande sensação do jazz feminino vocal. Nos próximos anos, com certeza, vai ser muito falada", reforçou José Ribeiro Pinto.
A última noite abre com o Belmondo Quintet, grupo dos "irmãos mais famosos do jazz francês", Lionel e Stéphane Belmodo.
"Foi eleito o melhor grupo de jazz de 2021 em França e o seu disco, "Brotherhood", foi eleito o melhor do ano", referiu o membro da associação AngraJazz.
O festival encerra com Guillermo Klein y Los Guachos, um grupo com 11 músicos liderado pelo pianista e compositor argentino, que foi "um grande estudioso e grande amante de Astor Piazzolla".
"É um grupo absolutamente maravilhoso, com músicos fantásticos", sublinhou José Ribeiro Pinto, destacando nomes como Miguel Zenón, Bill McHenry, Chris Cheek, Wolfgang Muthspiel e Jeff Ballard.
A 23.ª edição do festival AngraJazz está orçada em 101 mil euros, menos nove mil euros do que em 2021.
Cerca de 30% do orçamento deverá ser assegurado por receitas de bilheteira e apoios privados e os restantes 70% por apoios públicos do município de Angra do Heroísmo e das direções regionais do Turismo e da Cultura dos Açores.
"Ainda não temos os apoios públicos para este ano completamente fechados ou resolvidos, o que não deixa de ser estranho, mas é um ano especial", adiantou Miguel Cunha, da associação AngraJazz.
Segundo a organização, a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), "aumentou em 30% o valor" que atribui ao AngraJazz, mas, numa altura de crise, "os patrocínios privados são cada vez mais difíceis".
"Se os apoios [públicos] baixarem, em vez de trazermos decetos, orquestras e grupos grandes, começamos a fazer trios e quartetos. E depois acabamos o festival, se não nos derem apoio", afirmou José Ribeiro Pinto.
"O que não queremos é baixar a qualidade. Ou fazemos um festival de qualidade, ou não fazemos. Isso, para nós, é sagrado", acrescentou.
Em 2019, antes da pandemia, a organização marcou presença na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) e contou com um apoio do Turismo de Portugal para divulgar o festival em algumas das melhores revistas de jazz do mundo.
Nesse ano, 28% do público chegou de fora da ilha Terceira, incluindo 7% do estrangeiro, avançou José Ribeiro Pinto.
Os bilhetes, que vão de 5 euros por dia, para jovens ou maiores 65 anos, a 50 euros para os três dias, em lugares na plateia, com mesa, estarão à venda a partir de 01 de julho.
Para além do festival, haverá "Jazz na rua", uma iniciativa que promove concertos em cafés e espaços públicos da cidade, com três grupos locais e um nacional, entre 30 de setembro e 08 de outubro.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, Guido Teles, destacou a importância do festival na animação turística da ilha e na promoção da ilha Terceira no estrangeiro.
"Continua a ser um evento que nos orgulha muito, porque tem sido um evento que tem conseguido não só afirmar-se no panorama nacional, mas também, fruto de todo o empenho da associação cultural AngraJazz, chegar com o nome de Angra do Heroísmo a vários pontos do mundo e às principais revistas da especialidade", afirmou.
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