Custódia de D.Manuel I que se julgava perdida encontrada em museu francês

Uma das custódias de D.Manuel I, que se julgava perdida, foi encontrada numa sala do Castelo de Chantilly, em França, onde vai ser exposta, após ter sido restaurada, adiantou esta instituição do Institut de France.

Notícia

© Bertrand Rindoff Petroff/Getty Images)

Lusa
09/06/2022 16:57 ‧ 09/06/2022 por Lusa

Cultura

França

Num comunicado hoje divulgado, o Castelo de Chantilly adianta que a peça de prata dourada, com 70 centímetros de altura, esteve esquecida mais de um século numa das suas salas onde, devido à humidade, ficou oxidada, impondo uma profunda intervenção de restauro, concretizada nos últimos meses.

A peça, de origem portuguesa e datada de 1500-1520, será proveniente da Sé de Braga, onde é mencionada nos inventários, acrescenta o comunicado do castelo, atribuindo essa posse inicial a uma doação efetuada em 1531 pelo arcebispo Diogo de Sousa.

Apresentada como uma obra de "microarquitetura", a custódia ou ostensório, originalmente usada em atos religiosos, combina múltiplos pináculos, arcos de trevo, ornamentos de plantas, pequenas estátuas, armas e símbolos dos reis de Portugal.

"Este objeto é um testemunho essencial da arte do Renascimento em Portugal. O seu restauro devolve-lhe o seu lugar na história e na história da arte portuguesa", sustentam os serviços da instituição francesa.

O Castelo de Chantilly ressalvou que o restauro desta peça, que demorou seis meses, foi conseguido "graças ao apoio" da Galeria Mendes, em Paris, de Philippe Mendes, curador luso-francês e colecionador de arte, que fez parte do departamento científico do Museu do Louvre, onde lecionou igualmente História da Pintura Italiana

O processo de restauro foi liderado por Fabienne dell'Ava, especialista em conservação e restauro de obras em metal.

A mais antiga referência quanto à atual posse da custódia remonta a uma exposição dedicada a obras de arte da Idade Média e da Renascença, que esteve patente em Londres, no então Museu de South Kensington, atual Victoria & Albert, em 1862.

O catálogo desta exposição identificava como seu proprietário o duque Henri d'Orléans, filho do rei Louis-Philippe, então no exílio no Reino Unido. Ainda segundo o catálogo da mostra, citado pelo Castelo de Chantilly, a peça tinha sido adquirida, em 1859, a um antiquário em Londres, Samuel Pratt, por cerca de 300 libras.

Em 1871, a custódia acompanhou o duque d'Orléans no seu regresso a França e ao Castelo de Chantilly, entretanto reconstruído para acolher a sua coleção de arte.

Em 1886, com a doação do castelo e do seu acervo, a custódia transitou para o património do Institut de France, entidade que gere cerca de um milhar de instituições, entre academias, fundações, castelos e museus no país.

Embora tenha o trabalho de restauro concluído, esta custódia vai ser exposta no Musée Condé, no Castelo de Chantilly, na região de Oise, no Norte de França, dentro de "um mês, mês e meio", segundo informação divulgada esta tarde, associando-se aos eventos a decorrer no âmbito da temporada cruzada França e Portugal.

Leia Também: Museu V&A salienta trabalho "sempre brilhante e desafiador" de Paula Rego

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas