MEO Kalorama. Se Alex Turner traz a enchente, Róisín Murphy traz a festa

Apesar de o dia ter sido marcado pelo antecipado concerto de Arctic Monkeys, o destaque da noite vai para o belo espetáculo proporcionado pela lenda da música eletrónica que é Róisín Murphy.

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Beatriz Maio, Hélio Carvalho
03/09/2022 15:12 ‧ 03/09/2022 por Beatriz Maio, Hélio Carvalho

Cultura

MEO Kalorama

O segundo dia do primeiro MEO Kalorama estava assente numa única banda. Por muito que o resto do cartaz apresentasse nomes de enorme qualidade, a programação anunciada fazia prever uma enchente na sexta-feira, a maior do festival e das maiores dos festivais portugueses.

Dito e feito. Horas antes dos Arctic Monkeys subirem ao palco MEO, já o recinto estava cheio, pronto para explodir com o rock contemporâneo da banda britânica. E depois vieram os êxitos.

Durante pouco mais de uma hora, a banda liderada pelo ícone da música moderna que é Alex Turner saltou do passado para o presente: dos sons mais reconhecidos da banda - dos álbuns 'AM' (2013) e 'Whatever People Say I Am, That's What I'm Not' (2006) - aos temas mais recente de 'Tranquility Base Hotel & Casino' (2018).

O concerto começou logo com ‘Do I Wanna Know?’ e o relvado, amassado pela multidão - a organização estimava uma lotação máxima de 40 mil pessoas por dia -, depressa se iluminou numa bola de espelhos com as luzes dos telemóveis. Foi, acima de tudo, um concerto previsível: Turner disse pouco, o público cantou e berrou o que conhecia, filmou 'I Bet You Look Good On The Dance Floor', e construiu-se assim mais uma excelente passagem dos Arctic Monkeys por Portugal.

É também curiosa a diferença de público que os britânicos criaram. Se o primeiro dia, os nomes 'clássicos' da música eletrónica atraíram um público muito mais diverso, desde pessoas mais velhas, a famílias, a jovens enamorados com Kraftwerk e Chemical Brothers, o segundo dia assistiu a uma maior presença de adolescentes e grupos mais jovens, que cresceram de mão dada com o grupo formado em Sheffield e estavam entusiasmados com a oportunidade de partilhar o mesmo espaço que Alex Turner.

A enfática presença dos Arctic Monkeys, que moveu dezenas de milhares de pessoas ao Parque da Bela Vista só para os ver, tornou mais notórias algumas dores de crescimento do Kalorama. O recinto reduzido, em relação ao Rock in Rio ou a outros festivais com a mesma lotação, teve algumas dificuldades em suportar 40 mil pessoas, com filas indetermináveis para comprar comida ou idas à casa de banho a serem um desafio perante a oferta relativamente insuficiente.

A lenda de Róisín pinta-se de vários tons e 'outfits'

Tal como no primeiro dia, em que os Bomba Estéreo marcaram o 'mood' de dança do Palco Colina, no segundo foi a vez de Róisín Murphy. Com cores vibrantes, inúmeros visuais e uma energia invejável, Murphy cativou o público, especialmente quando surgiu a sua ‘Sing It Back’ e 'Murphy's Law'.

Notícias ao Minuto Róisín Murphy© Hélio Carvalho/Notícias ao Minuto  

Nos ecrãs, o espetáculo era acompanhado por uma caricata animação, em que os desenhos animados meio-psicadélicos, meio-surrealistas, desafiavam a seriedade de quem estava a assistir.

Aos 49 anos, depois de ter ganho fama nos anos 90 com os Moloko, Róisín está num trajeto de se cimentar como uma das lendas do 'electropop'. O palco Colina tem sido criticado por fãs que se queixam do som oferecido - críticas que se salientaram no dia anterior, com os Moderat a mal serem ouvidos -, mas o segundo dia teve uma melhoria incontestável, permitindo que a colina se transformasse numa pista de dança.

E, no seu centro, lá estava Róisín, a ser uma bola de espelhos, de penas, de chapéus extravagantes e de perucas ridículas, a criar uma das melhores festas do festival.

Pôr do sol debaixo de rock, do mais puro ao mais pacato

Um dos grandes desafios de um festival é a seleção de artistas para o pôr do sol. Se uns preferem algo mais calmo, para aproveitar sentados na relva, outros preferem entrar logo a abrir, para marcar o ritmo para o resto do dia.

Tendo isso em conta, o segundo dia do MEO Kalorama aproveitou bem os dois tipos de ambiente.

Notícias ao Minuto Alice Phoebe Lou© Hélio Carvalho/Notícias ao Minuto  

Apesar de discreta e não muito alta, Alice Phoebe Lou não passou despercebida. Um concerto intimista, aproveitando um pôr do sol incrível como cenário a que a cantora e compositora sul-africana não ficou indiferente, os fãs mais intensos e 'hardcore' de Alice não pararam de berrar um segundo entre músicas, ficando algo assoberbada.

Com boa disposição e uma alegria contagiante, Alice trouxe um reportório musical sentimental e intenso ao pequeno Palco Futura, que a recebeu perante um público que tanto como ela desfrutou da atuação, acompanhando-a em temas como 'Glow', 'Witches' e 'Dirty Mouth'.

No palco principal, o projeto de Legendary Tigerman decidiu, como diz a expressão popular, 'partir a louça toda'. É difícil ir a um festival de verão e não ver um concerto de Paulo Furtado, tal é a consistência da sua música e a capacidade que este tem de nunca fartar, nunca ser demais e cumprir sempre o seu papel de arrebitar qualquer público.

É óbvio que o espetáculo ficou marcado pelo final, em que The Legendary Tigerman entrou na sua rotina de entrar pelo público adentro, berrando e repetindo '21st Century Rock 'n' Roll'. De destacar ainda a performance da baterista, Catarina Henriques, que fez de Maria de Medeiros na 'cover' de 'These Boots Are Made For Walkin'', enquanto tocava.

Também pelo palco principal passaram os Blossoms, um concerto encaixado entre a poderosa performance de Jessie Ware e Róisín Murphy, que manteve o público acordado antes de Arctic Monkeys e rematando um bom 'set' com o seu maior êxito, 'Charlemagne'.

Notícias ao Minuto Bruno Pernadas© Hélio Carvalho/Notícias ao Minuto  

Finalmente, o palco Futura fechou com o jazz progressivo do conjunto liderado por Bruno Pernadas, terminando com chave de ouro o segundo dia do MEO Kalorama.

O festival termina este sábado, com o mítico Nick Cave e os seus Bad Seeds e encerrarem a primeira edição, além do sempre popular Chet Faker. Os Ornatos Violeta também estão programados, naquele que será o maior concerto de uma banda portuguesa neste festival.

Horários do dia 3:

Palco MEO

17h00 - Tiago Bettencourt
19h00 - Ornatos Violeta
21h00 - Nick Cave & The Bad Seeds
00h45 - Disclosure

Palco Colina

16h00 - Curadoria 'Chelas é o Sítio'
18h00 - Moullinex
20h00 - Peaches
23h15 - Chet Faker

Palco Futura

18h00 - Grand Pulsar
20h00 - Club Makumba
23h15 - ZAZ
01h00 - Meute

Leia Também: MEO Kalorama. Um novo festival marcado pela velha eletrónica

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