O júri foi presidido pela realizadora Céline Sciamma, com a colaboração de Karel Och, e classificou o filme como "hipnotizante" e "importante", numa sessão de deliberação transmitida 'online'.
"Lobo e Cão" foi rodado em São Miguel, nos Açores, onde a realizadora Cláudia Varejão tinha estado em 2016, em residência artística, no Pico do Refúgio.
Aquele espaço, situado em Rabo de Peixe, proporcionou-lhe "uma primeira entrada na ilha por uma vila muito particular, com características muito singulares, muito difíceis, socialmente, economicamente, a vários níveis", contou a realizadora à agência Lusa no início de 2021, nos Açores.
O filme "foi escrito a partir da experiência de uma série de jovens que conheci aqui na ilha, da minha própria experiência de quando fui jovem, e que ainda tenho em mim -- trazemos todas a idades dentro de nós", disse.
Segundo Cláudia Varejão, o filme aborda questões humanas "que têm um pulsar muito visível e muito forte na juventude", nomeadamente "a sexualidade, o desejo de transgredir -- e transgredir, seja socialmente, como o próprio território, portanto, atravessar a linha do horizonte --, as questões emocionais e afetivas, as questões profissionais, as questões familiares, as questões morais".
"Lobo e Cão", rodado com elenco local, ganha ainda uma outra dimensão, por mostrar "como é que é ser jovem num território cercado pelo mar e, nestes contextos em particular, contextos com bastantes dificuldades económicas e sociais, a ideia de atingir outros lugares, outros conhecimentos, para concretizar o sonho, está mais comprometida".
Cláudia Varejão é autora de curtas e longas-metragens, entre as quais "Falta-me", "Luz da Manhã", "No Escuro do Cinema Descalço os Sapatos", sobre a Companhia Nacional de Bailado, e os recentes "Ama-san", rodado no Japão, e "Amor Fati".
"Lobo e Cão" é uma produção da Terratreme com a francesa La Belle Affaire.
O Festival de Cinema de Veneza, que contou ainda com o filme "A noiva", de Sérgio Tréfaut, na competição da secção "Horizontes", termina no sábado.
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