"O 'briefing' que fiz ao produtor [o brasileiro Tó Brandileone] foi: queria fazer um disco que pudesse dançar com os meus filhos. Porque eu danço imenso com os meus filhos em casa, e nunca sou capaz com uma canção minha, porque as minhas canções não são para dançar", partilhou Luísa Sobral com a agência Lusa, sobre 'DanSando', que é editado na sexta-feira.
No fundo, a cantora queria gravar "um disco feliz", que mostrasse a sua "alegria de viver". "Porque acho que tenho mostrado muito nos meus discos o meu lado mais melancólico, introspetivo, que quero continuar a mostrar também, mas há um lado meu que ninguém conhece", partilhou.
Luísa Sobral confessa ter "noção que as pessoas" a acham "super-reservada". "Não têm noção do meu sentido de humor, nada desse lado. E não é que eu ache que as pessoas têm que ter, mas esse lado existe efetivamente, mas quase nunca entra nas minhas canções. E eu queria mesmo que este disco fosse diferente nesse sentido", disse.
Embora seja "um disco feliz", 'DanSando' aborda assuntos menos felizes, como a situação das mulheres no Afeganistão e no Irão ou a guerra na Ucrânia, porque a cantora considera "importante falar sobre assuntos políticos ou sociais".
"Depois tem o desamor, que é um assunto de que gosto bastante também, e tem um lado feliz. Então acaba por ter, eu acho, todos os meus lados. É mais completo nesse sentido, porque faltava sempre aos outros um bocadinho o lado mais alegre. E este acho que tem uma mistura mais equilibrada", afirmou Luísa Sobral.
Os passos de dança que as músicas puxam estão também presentes no título que Luísa Sobral decidiu dar ao disco, inspirada pela poeta Sophia de Mello Breyner Andresen.
"Houve uma altura em que dançar escrevia-se com 'S', e ela achava muito mal que tivesse mudado para 'Ç', porque o 'S' está a dançar e o 'C' está sentadinho na sua cedilha. Achei isso super-bonito", contou.
Luísa Sobral viu "sempre poesia nas coisas, mas nunca nas letras". "E de repente comecei a ver que há poesia na maneira como as letras encaixam umas nas outras e na própria letra. Quando foi para escrever dançando, achei mais bonito mudar para dansando, mesmo que as pessoas achassem que eu não sabia escrever", referiu.
No novo álbum, Luísa Sobral não 'dança' sozinha. Em "O nosso amor é" faz um dueto com Tó Brandileone, o produtor de 'DanSando', e em "Não foste tu" com João Cunha, que foi aluno da cantora "de escrita de canções".
"O João mandava-me as coisas e eu ficava completamente apaixonada pela voz dele, e pelas canções. Escreve canções lindíssimas e toca muito bem", salientou.
A cantora confidenciou que com este álbum consegue finalmente dançar as suas canções com os filhos. Se o público vai conseguir dançar também: "Vamos ver".
Os primeiros espetáculos em que Luísa Sobral vai experimentar os temas de 'DanSando' ao vivo são no Luxemburgo e na Alemanha, mas os concertos de apresentação estão marcados para fevereiro, no Porto e em Lisboa, no dia 18 na Casa da Música e, no dia 25, no Tivoli.
Em palco irá apresentar-se com a mesma formação com que, na quarta-feira à tarde, apresentou alguns temas do álbum à imprensa, nos Alunos de Apolo, em Lisboa. Ou seja, acompanhada do guitarrista Manuel Rocha, do contrabaixista António Quintino e do baterista Carlos Miguel Antunes.
"Já estamos a fazer um cenário, que quero que reflita esta ideia de festa, mas não demasiado, que possa refletir este lado mais alegre [do álbum]", contou.
Os bilhetes para os concertos de apresentação de 'DanSando' em Lisboa e no Porto estarão à venda na sexta-feira.
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