O evento tem como objetivos promover a "descentralização cultural, a revitalização e valorização do património histórico do concelho e o património musical histórico", explicou o diretor artístico do festival, Daniel Oliveira, citado na nota que acompanha o programa.
Pela primeira vez no festival, vão ser dados a ouvir instrumentos europeus dos séculos XVI e XVII, como a charamela e a sacabuxa (instrumentos de sopro da Renascença), bem como a guitarra barroca, a que se juntam o alaúde, o cravo, o violino e o violoncelo barroco, já conhecidos neste festival.
O festival começa, a 07 de maio, com um concerto de homenagem ao ex-presidente da câmara Carlos Bernardes, que morreu em maio de 2020, com um concerto pelo grupo vocal Olissipo, dirigido pelo maestro Armando Possante, no Convento do Varatojo.
Vai ser feita uma viagem pela prática litúrgica nas principais catedrais portuguesas durante os séculos XVI e XVII, com música de Francisco Martins, Estevão de Brito, Frei Manuel Cardoso ou Duarte Lobo.
O programa continua a 20 de maio, com o concerto 'O esplendor barroco à luz das velas', na Igreja de Matacães, pelos músicos Raquel Cravino (violino barroco), Catherine Strynckx (violoncelo barroco) e Daniel Oliveira (cravo e baixo contínuo) e pela soprano Mariana Castelo-Branco.
Já a 04 de junho, a Ermida do Sirol recebe o recital 'Cifras de Viola', dedicado à guitarra barroca e à música do 'Codex de Coimbra', dos séculos XVI, XVII e XVIII, pelo músico Tiago Matias.
Trata-se do resultado do trabalho de recolha e transcrição de repertório do Manuscrito Musical 97 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra 'Cifras De Viola Por varios Autores Recolhidas Pelo Licenciado Joseph Carneyro Tavares Lamacense', também conhecido como 'Codex Coimbra', com mais de duas centenas de obras inéditas.
O festival termina a 11 de junho com o concerto intitulado 'Passacaglias, Danças e Polifonias renascentistas', pelo ensemble de música antiga Músic`Alta, e é dedicado à charamela e à sacabuxa, a partir da Igreja de A-dos-Cunhados.
O agrupamento, composto por João Mateus (charamela soprano), Joaquim António Silva (charamela alto, gaita-de-foles e alaúde), Paulo Cordeiro, Hélder Rodrigues (sacabuxa tenor) e João Barroso (traverso e pandeiro), recria a função dos menestréis, músicos que tocavam instrumentos de sopro em grupo e com funções muito específicas como as entradas reais, o acompanhamento de procissões ou presença nas capelas musicais do século XVI e inícios do século XVII.
O grupo vai dar a conhecer repertório polifónico português, oriundo dos principais cancioneiros portugueses como o 'Cancioneiro de Elvas' ou o 'Cancioneiro do Palácio', começando com uma 'passacaglia', peça lenta que servia para acompanhar as procissões, levando os espetadores a percorrer algumas ruas da aldeia, e terminando na igreja.
Os concertos são todos comentados e de entrada livre.
O festival oferece ainda ao público uma oficina de guitarra barroca, a 03 de junho, na Igreja da Graça, em Torres Vedras, ministrado por Tiago Matias.
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