O espetáculo cruza as linguagens da dança contemporânea com a da música clássica e harmoniza-se com a literatura.
A performance evoca os 51 anos do lançamento do livro "Novas Cartas Portuguesas", proibido pela censura ditatorial nos anos 70, então lido na clandestinidade e hoje um marco do feminismo internacional.
Alba apresenta-se como um "espetáculo-poema" numa "reflexão da liberdade", salienta a produção numa nota enviada à Lusa.
Os 30 músicos "são retirados às suas posições cénicas tradicionais para se movimentarem em palco com cinco bailarinas", descreve o texto.
O espetáculo tem a composição original de Nuno Guedes Campos e coreografia inédita de Susana Otero, Carminda Soares, Maria Soares e Margarida Monteny.
A diretora do Ballet Contemporâneo do Norte (BCN), bailarina e coreógrafa, Susana Otero diz que "Alba" questiona "o grau de satisfação atual com a liberdade pretendida pelo 25 de abril".
O espetáculo propõe "um conceito de liberdade enquanto 'trabalho-em-progresso', interligado com as ideias de resistência, revolução, comemoração, participação e cidadania".
Para dar forma a essa reflexão, o BCN queria colocar uma orquestra em movimento e a Orquestra "aceitou sair da sua zona de conforto formal".
"São 30 músicos em palco, cinco bailarinas e, como ponto de partida comum, a ideia de liberdade e o que ela significa nos dias atuais. Liberdade é uma batalha, todos os dias, e há quem consiga rir-se a partir disso", explica Susana Otero.
Osvaldo Ferreira, fundador e diretor artístico da Orquestra Filarmónica Portuguesa (OFF), reconhece que "Alba" se pode definir como "um espeta´culo-poema e reconhece que em palco estará "garantidamente uma produção fora da caixa".
A OFP "será transformada numa big band e interpretará diferentes estilos musicais do século XX, do minimalismo ao jazz", revela o maestro citado na nota.
"Isso contribuirá para um espetáculo que, por um lado, será muito diferente e fora do habitual, mas que, por outro, torna evidente a público de todas as idades como a música é o principal elemento motivador da dança", salienta.
A produção sustenta que o título "Alba" se refere "à poesia provençal sobre o amanhecer que sucede ao encontro dos amantes e alude ao transcendente, simbólico, mágico e sublime".
A coprodução entre BCN e OFP descreve-se "como o encontro entre um corpo musical e um corpo que dança, ambos anunciando uma alvorada social, coletiva -- a de abril".
Alba é uma produção encomendada pelo FIMUV - Festival Internacional de Música de Paços de Brandão e subirá ao palco no Europarque, em Santa Maria da Feira, no dia 5 de outubro.
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