O disco vai estar inserido na exposição 'Namedropping', que o Museu da Velha e Nova Arte (MONA, na sigla em inglês), em Hobart, na Tasmânia, vai ter patente entre junho e abril do próximo ano, sendo possível ouvir parte do álbum em eventos gratuitos entre 15 e 24 de junho.
"Durante 'Namedropping', a única cópia a nível mundial do lendário sétimo disco de Wu-Tang Clan vai estar em exposição no museu. Vamos dar-te a possibilidade de o ouvir, também. Pelo menos parte dele", pode ler-se num texto disponível no 'site' do museu australiano.
Para se habilitar a bilhetes é preciso fazer um registo no 'site' da instituição, que os vai disponibilizar na quinta-feira.
"De vez em quando, um objeto deste planeta adquire propriedades místicas que transcendem as suas circunstâncias materiais. 'Once Upon a Time in Shaolin' é algo mais do que um álbum", disse o diretor dos comissários do museu, Jarrod Rawlins, citado pela agência espanhola EFE.
Atualmente propriedade do coletivo de investidores PleasrDAO, o disco foi concebido pelo 'supergrupo' de hip-hop como uma crítica à indústria musical. No entanto, acabou adquirido em leilão por dois milhões de dólares pelo antigo gestor de fundos Martin Shkreli, entretanto condenado por fraude e conhecido por ter levado a um aumento exponencial do valor de alguns medicamentos para doentes com VIH.
A venda do disco inclui uma cláusula que impede que seja comercializado no espaço de 88 anos, ou seja, até 2103, algo justificado pelo número de membros originais do grupo (oito), pelo número 2015 somado (oito) e pelo facto de ser um algarismo que remete para o infinito, como disse RZA, da banda, em 2015 numa entrevista à Forbes.
"Quando compras um quadro ou uma escultura, estás a comprar essa peça em vez de comprar o direito a replicá-la. Ser dono de um Picasso não significa que podes vender cópias ou reproduções, mas sim que és o único dono de um original único. E é isso que 'Once Upon a Time in Shaolin' é -- um original único, em vez de uma 'master' do álbum", acrescentou RZA.
O MONA é uma criação do colecionador de arte e apostador australiano David Walsh, que, no 'site', é descrito como alguém que "cresceu na Tasmânia, desistiu da universidade, jogou às cartas, ganhou, fez outras coisas, e abriu um pequeno museu de antiguidades ao qual ninguém ia, o que fez com que o tenha declarado um sucesso e decidido expandir", nascendo daí o MONA.
A exposição 'Namedropping' parte de um conjunto de questões: "Por que é que somos atraídos por certos objetos e pessoas? O que é que faz dos grandes nomes grandes: Porsche, Picasso ou Pompidou? Qual é a natureza do estatuto e por que é útil? É meramente cultura ou há algo mais profundo? Temos certos modos de cuidar que os nossos antepassados distantes partilhavam? São as nossas escolhas moldadas pela cultura ou é a nossa cultura moldada pelas escolhas naturais?".
É por isso, continua a instituição, que o 'namedropping', (prática sem tradução direta para o português que consiste na menção de nomes de figuras relevantes -- na política, na arte ou noutros meios - para demonstrar proximidade e conhecimento) "é provavelmente um instinto humano universal", uma vez que a "posição social é um assunto de vida ou morte para os seres humanos".
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