Com inauguração marcada para quinta-feira às 18:00, no mezanino da Biblioteca Nacional, a exposição tem curadoria de Helena Miranda e Nuno do Carmo e vai ficar patente até 14 de setembro.
"Num ano em que o Museu Nacional da Música conhecerá profunda transformação, algumas peças do seu acervo regressam a uma das suas casas anteriores, a Biblioteca Nacional da Portugal, para uma exposição maioritariamente documental sobre os diversos 'futuros possíveis' que a sua história atribulada foi conhecendo", escreveu o diretor do Museu Nacional da Música, Edward Ayres de Abreu, numa mensagem introdutória.
A mostra vai relatar a história da instituição "desde os primeiros esforços do colecionador Michel'angelo Lambertini que, no começo da I República, tentou por todos os meios a criação de um museu público de música, até ao derradeiro projeto de instalação do Museu no Real Edifício de Mafra".
A exposição vai lembrar os esforços de Alfredo Keil (1850-1907) e de Lambertini (1862-1920) para que fosse criado um museu anexo ao Conservatório Nacional, em Lisboa.
Como recorda a folha de sala da exposição, Lambertini conseguiu, após a morte de Alfredo Keil, "autorização do governo para iniciar a recolha de instrumentos musicais dispersos por instituições públicas como palácios, conventos e museus", tendo, para isso, sido atribuídas duas salas do Palácio das Necessidades.
Lambertini foi exonerado em 1913, depois de dois anos com essa incumbência e lamentando "leviandade, a insensibilidade e a falta de atenção dos governantes portugueses no que respeita ao colecionismo de instrumentos musicais."
Um ano depois, inicia uma coleção particular, conseguindo, em 1915, a criação do Museu Instrumental do Conservatório, instituição de ensino então dirigida por Francisco Bahia. Lambertini demite-se por falta de condições e é, então, criado o Museu Instrumental de Lisboa (MIL), idealizado pelo pianista e maestro nascido no Porto e financiado pelo milionário António Carvalho Monteiro.
"Aconselhado por Lambertini, o 'Monteiro dos Milhões' -- como também era conhecido -- comprou a coleção do próprio musicólogo, a de Keil e ainda alguns instrumentos da coleção de António Lamas e instalou o MIL no Palácio Quintela, uma propriedade sua na Rua do Alecrim. Se o milionário proporcionou a salvaguarda dos instrumentos, Lambertini -- o cérebro da iniciativa -- mantinha em casa uma grande biblioteca da especialidade. Infelizmente, Carvalho Monteiro e Lambertini morrem inesperadamente em 1920. Não deixando planos para o futuro do museu, o MIL esteve ao abandono durante a década de 1920", pode ler-se no texto sobre a exposição.
Anos mais tarde, o Conservatório Nacional, sob direção de Vianna da Motta, adquire a coleção do MIL, assim como "o depósito de alguns instrumentos das coleções reais", abrindo o Museu Instrumental do Conservatório ao público em 1946 com duas galerias e sete salas.
Desde então, o museu passou pelo Palácio Pimenta (1971-1976), pela Biblioteca Nacional (1976-1991) e pela estação de metro do Alto dos Moinhos (1993-2024).
"A chegada da coleção do Palácio Nacional de Mafra à estação do Alto dos Moinhos deu se em março de 1993. Devido ao tamanho exíguo destas instalações, dezenas de pianos tiveram de ser deixados em Mafra, onde continuam até hoje. Outro dos contratempos desta entrada no metropolitano foi uma nova inundação (...), de que há evidências na coleção de clavicórdios", acrescenta o mesmo texto.
Em Mafra, decorrem obras desde julho de 2023, por um período previsto de um ano. Na semana passada, foi lançado o concurso para museografia, no valor de 1,4 milhões de euros.
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