"Estamos a falar de um investimento com algum significado, um investimento superior a 200 mil euros no que diz respeito à obra física, além dos equipamentos que tiveram de ser adquiridos para o efeito expositivo e algumas remodelações, como o sistema de ar condicionado do museu", disse hoje à Lusa o presidente da Câmara de Mação, no distrito de Santarém.
O Museu reabre hoje as portas ao público com um "espaço renovado e mais atrativo", com "uma nova fachada e com o piso térreo modernizado", com espaço expositivo, sala de conferências e uma pequena loja.
Segundo o autarca, Vasco Estrela, esta intervenção beneficiou um equipamento cultural "importante para o estudo, conservação e divulgação do património histórico e identidade" de Mação.
"Temos de ter em atenção que estamos a falar de um museu que é muito mais do que um espaço onde se possam visitar peças ou observar as paisagens e reviver a história. É um museu vivo do ponto de vista de que temos aqui um centro científico e de ensino da arte rupestre e da pré-história", notou.
O Museu de Mação "debruça-se sobre as origens da agricultura e da arte, e a relevância do gesto na constituição da humanidade, tanto para a formação de identidades como para a projeção de materialidades funcionais e artísticas", afirmou Estrela, tendo feito notar que aquele equipamento "tem desempenhado um papel fulcral para o concelho desde há muitos anos no que diz respeito àquilo que é o estudo da arte rupestre, e não só".
A reserva do Museu de Arte Pré-Histórica de Mação integra atualmente cerca de 6.000 peças, provenientes de prospeções e de escavações (com destaque para os registos de contextos de arte rupestre e para as coleções de indústrias líticas associadas aos depósitos fluviais do Tejo) e achados isolados com valor patrimonial (especialmente da Idade do Bronze).
O Museu Municipal surgiu em 1943 na sequência de achado arqueológico do Porto do Concelho, por iniciativa de João Calado Rodrigues e com o apoio da Câmara de Mação.
Em 1967, Maria Amélia Horta Pereira foi convidada a estudar a coleção e a elaborar um projeto de Museu, que só viria a ser concretizado em 1986, altura em que abriu ao público com coleções de arqueologia, etnografia e arte.
No ano 2000 iniciou-se um novo ciclo com a descoberta, em 6 de setembro, das gravuras rupestres no vale do rio Ocreza, com o Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo a contar hoje com um centro internacional de formação e investigação, tendo Luís Oosterbeek como diretor científico.
"De todo o programa do Museu, o Sagrado do Vale do Tejo vai ser mais visível precisamente com este piso térreo. O museu é um centro de exposições, de encontro de saberes, de discussão, de questionamento e com os olhos a pensar no futuro", disse à Lusa Oosterbeek, tendo indicado que o lema é "continuar e transformar".
Para o responsável, "esta ideia de continuar e transformar marca muito Mação e as suas gentes", tendo destacado um "grande projeto que é o das ações integradas de gestão da paisagem", estando o museu "alinhado" nessa forma de estar.
"O museu reorganiza-se e abre-se como um espaço para pensar o futuro. Não é um museu sobre o passado, é um museu que olha para o passado, pensando no futuro. Acho que isso vai ficar muito claro com esta nova exposição, com espaço de loja que vamos ter, com uma articulação mais aprofundada com novos programas de formação que vamos também desenvolver", declarou.
Desde 2003 até hoje, o Museu tem sido palco de inúmeras exposições, colóquios e apresentações, cooperando com diversas entidades e instituições, quer a nível local, nacional e internacional, levando ao reconhecimento e integração de Mação, em 2016, na Rede UNESCO de Cidades da Aprendizagem.
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