O escritor brasileiro Álvaro Filho lançou recentemente o livro 'O Mau Selvagem', um livro de ficção que fala sobre a imigração em Portugal.

A obra fala sobre um imigrante brasileiro aspirante a escritor que trabalha numa "centenária livraria disputada por turistas em Lisboa", onde os "livreiros costumam sussurrar" o nome do 'Mau Selvagem', "um ex-funcionário que contrariava a sina dos bons selvagens de Jean-Jacques Rousseau, rejeitando o cordial papel reservado a todo imigrante" até "subitamente desaparecer, sem deixar pistas".

O recém-contratado brasileiro fica "obcecado por saber mais sobre o Mau Selvagem" e "cumpre uma jornada em busca do antigo funcionário", numa "investigação que remonta aos romances noir", lê-se num comunicado enviado ao Notícias ao Minuto.

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"Uma jornada que o leva a refletir sobre a condição de autoexilado de um Brasil constantemente assediado pela escuridão e o atraso, e de estrangeiro num país nem sempre simpático a pensamentos e sotaques diferentes. Um bom selvagem que, página a página, começa a se questionar se o Mau Selvagem não tinha lá as suas razões", acrescenta a nota.

"É no ouvido e no zoom da observação que reside a potência de qualquer literatura e Álvaro Filho tem essa atenção e escuta indispensáveis para quem escreve e que Álvaro tem de forma evidente. Álvaro Filho circula como escritor entre o Brasil e Portugal com a mesma língua, uma circulação visível não apenas no seu trajeto na literatura e nos vários prémios literários, mas também, de modo ostensivo, neste novo livro, colocando a expectativa do leitor em movimento sobre a relação entre portugueses e brasileiros em Portugal, que muito se escreve nos jornais, mas não só: também na fraternidade que por vezes existe, mas também, por demasiadas vezes, conhece incompreensões e tensões. A leitura de 'O Mau Selvagem' é, nestes tempos conturbados onde a questão da migração torna a ser central, sem dúvida, não apenas atual, mas indispensável", afirmou o escritor Gonçalo M. Tavares.

Álvaro Filho é um jornalista e escritor brasileiro radicado em Lisboa. "Foi vencedor do Prémio Hermilo Borba Filho 2016 e semifinalista do Prémio Oceanos 2018, com a ficção Curso de Escrita de Romance - nível 2, e do prémio de Melhor Ficção de 2019, da Academia Pernambucana de Letras, com 'Meu Velho Guerrilheiro'", acrescenta a nota.

Já em Portugal, venceu, em 2018, o Novos Talentos de Escrita FNAC Portugal, com o conto 'Otelo'. Foi ainda vencedora do prémio Rogério Rodrigues de Crónica Jornalística 2023, e do Prémio Armando Baptista-Bastos 2023 de literatura, com a obra 'Disfarça, que lá vem Sartre'. 

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