Nick Cave responde a fãs "sentado na varanda de um hotel" em Lisboa

O compositor de 67 anos passou pela Meo Arena a 27 de outubro, no âmbito da digressão mundial 'The Wild God Tour'.

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Notícias ao Minuto
29/10/2024 15:21 ‧ há 4 semanas por Notícias ao Minuto

Cultura

Nick Cave

O músico australiano Nick Cave dedicou algum tempo enquanto estava por Lisboa para responder à questão de um fã colocada através do site ‘The Red Hand Files’, página usada desde setembro de 2018 para esse efeito.

 

"Caro Jai, estou sentado na varanda de um hotel com vista para a cidade de Lisboa e a ler as perguntas que me têm chegado. Talvez seja o sol português do final de outubro, ou talvez seja porque temos um dia de folga inesperado (obviamente um descuido de gestão), mas sinto que é altura de voltar aos ‘The Red Hand Files’. Ainda estou em digressão, mas os Files chamam por mim, e a sua adorável pergunta saltou-me à vista, fazendo as suas exigências", introduziu, no texto dirigido a um fã de Melbourne, na Austrália, sobre ao que é necessário "para ser livre".

O compositor de 67 anos, que passou pela Meo Arena a 27 de outubro, no âmbito da digressão mundial ‘The Wild God Tour’, apontou que, por ossos do ofício, preocupa-se "principalmente com a liberdade artística - liberdade de expressão, crença e imaginação".

"O que é preciso para seguir estas liberdades - para me sentir genuinamente livre - tem paradoxalmente algo a ver com ordem e constrangimento. Sinto-me livre para me exprimir e consigo aceder a uma maior qualidade de imaginação quando são colocadas certas restrições. Como muitos de vós sabem, observo protocolos específicos para abrir a mente criativa - sento-me numa secretária no meu escritório e escrevo, trabalhando exclusivamente entre as 9h00 e as 17h00", disse.

Durante este período, ao qual apelidou de "horas de expediente", Nick Cave detalhou que a sua mente "torna-se genuinamente livre", sentido "uma criatividade qualitativamente mais rica do que qualquer coisa que possa experimentar fora desse período, na desordem e distração do mundo comum".

"Para mim, o que para alguns deve parecer trabalho forçado é onde toda a imaginação, beleza e amor são livres para acontecer. A liberdade encontra-se no cativeiro. A desordem, a aleatoriedade, o caos e a anarquia são o lugar onde a imaginação vai morrer, ou assim descobri", considerou.

O australiano equacionou ainda que "o mesmo se passa com as questões de fé e a liberdade de crença", já que sente "uma certa ‘espiritualidade’ vaga no meio do caos do mundo, uma compreensão aproximada de que Deus está implícito de uma forma latente e metafísica".

"Mas só na Igreja - essa instituição humana profundamente falível - é que me liberto verdadeiramente a nível espiritual. Sou arrastado para uma história poética que é simultaneamente verdadeira e imaginativa e totalmente participativa, onde a minha imaginação espiritual pode ser simultaneamente contida e livre. A Igreja pode parecer a alguns pequena, até mesmo sufocante, a sua congregação semelhante a um rebanho, mas na sua arquitetura, música, litanias e histórias, encontro um lugar de imenso reconhecimento e libertação espiritual", esclareceu.

Nick Cave traçou um paralelismo semelhante com o casamento, "outro feito audacioso da imaginação - que, para alguns de nós, tal como a arte, tal como a fé, põe em foco o que é amar", para concluir que "é a própria ordem que nos permite ser livres".

"É claro, Jai, que estes pensamentos são inteiramente subjetivos. Muitas pessoas criativas, especialmente os jovens, podem sentir que a sua relação caótica ou desordenada com o mundo é indispensável para a sua liberdade criativa. Quanto mais anárquica, melhor! No entanto, depois de um trabalho de campo considerável neste domínio, ainda não foi isso que descobri. Compreendi que o músculo da imaginação é reforçado pela resistência, pela disciplina e pela ordem. Estes laços institucionais acabam por se tornar uma forma de libertação onde os nossos sonhos, atentos e concentrados, podem encontrar o seu foco e correr verdadeiramente livres. Com amor, Nick", terminou.

Aceda aqui ao original, em inglês.

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