O projeto de resolução da autoria do Juntos Pelo Povo (JPP) foi aprovado em 02 de outubro no plenário da Assembleia Legislativa da Madeira, com os votos a favor de todas as bancadas parlamentares (PS, JPP, Chega, CDS-PP e deputados únicos da IL e do PAN), tendo a bancada do PSD decidido abster-se.
O JPP justificou a proposta com o facto de a "Região Autónoma da Madeira necessitar dar um passo em frente no que respeita à valorização da música" do arquipélago, sublinhando que "o projeto de um museu dedicado à Música da Madeira arrasta-se há muitos anos e, numa terra que vive muito do turismo e cultura, este assunto tem zero euros de execução, conforme comprovam os orçamentos dos últimos anos".
"Passados tantos anos, o JPP vem junto a vós, trazendo novamente o tema da necessidade de avançar com o Museu da Música da Madeira, não apenas uma casa de espetáculos, mas um espaço multifacetado que abarque tanto a música erudita como a tradicional e seja a comunhão daquilo que melhor se fez e faz na área musical e cultural da nossa terra", defendeu a deputada do JPP Patrícia Spínola durante a apresentação do diploma no plenário.
A eleita recordou que, em 2018, o JPP havia proposto uma recomendação centrada num Museu de Música Tradicional, "tendo por base o trabalho desenvolvido pela Associação Cultural Xarabanda", ligada à música tradicional, cuja utilidade pública foi reconhecida, em 2002, pelo Governo Regional.
Em 2016, chegou a ser entregue um projeto preliminar do Museu da Música Tradicional da Madeira, no Instituto de Desenvolvimento Regional, tendo o executivo insular "autorizado a venda, por hasta pública, do prédio da Rua Nova de São Pedro, n.º 50, no Funchal, anteriormente atribuído ao projeto do Museu, por 510 mil euros, alegando que este se revestia de caráter excedentário, não sendo necessário à prossecução de interesse público", adiantou.
Mas, "depois de ninguém ter feito propostas pelo então valor apresentado, o Conselho do Governo [Regional], reunido a 04 de maio de 2017, resolveu autorizar novamente a venda pelo valor base de 445 mil euros", lembrou, apontando que o imóvel "nunca chegou a ser vendido".
"Foi uma atitude claramente desrespeitosa. Chegámos ao dia de hoje, passados 10 anos (10 anos) da apresentação da proposta da associação ao Governo e 6 anos do chumbo do projeto de resolução do JPP, que defendia a implementação do museu e responsabilizava o Governo Regional pelos compromissos assumidos", realçou Patrícia Spínola.
Por isso, o JPP decidiu agora recomendar "um Museu da Música que inclua a herança trazida pelas orquestras, pelas bandas filarmónicas, pelos conjuntos musicais entre tantas outras manifestações que, para além dos músicos, englobam também compositores, cantautores e construtores de instrumentos, cujo espólio não se quer perdido".
"Embora o local possa variar e até defendemos a descentralização, a fuga à capital como forma de distribuir a oferta museológica pela região, consideramos que deve ser o Governo Regional a avaliar e a fazer essa escolha de localização", indicou.
Para o JPP, o importante é que "este projeto, de facto, avance e avance em condições para a representação de diversos estilos musicais com história feita na região, com a dimensão que cada um ocupa no panorama musical regional".
No seu entender, "é incomensurável o património que está por inventariar e preservar, porém o que o Governo Regional ofereceu até agora foi uma cave que durante décadas tem sido abrigo de património material e imaterial e de investigadores dedicados a trabalhar em cubículos... e no futuro apenas está previsto um anexo no Museu do Max, claramente inadequado", enfatizou.
Pelo PSD, a deputada Cláudia Gomes assegurou que o executivo "tem vindo a apoiar a música na Madeira, nas mais diversas formas", e, quanto o futuro museu, "é compromisso do Governo Regional ceder um espaço sob a sua tutela para a sua implementação".
"Não é apenas uma promessa, é efetivamente um compromisso. Aliás, consta do plano de investimentos do Governo Regional. Nunca foi esquecido, mantendo-se o compromisso, dado o reconhecimento da sua importância para a cultura e para a região", enfatizou.
Esta proposta do JPP foi discutida em simultâneo com outra do deputado único da IL, Nuno Morna, que defendia a cedência de um espaço na Fortaleza do Pico à Associação Musical e Cultural Xarabanda para a instalação do Museu da Música Tradicional da Madeira, que foi retirada antes da sua votação.
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