Está em curso projeto para digitalizar 59.500 bens de museus e monumentos

Cerca de 59.500 bens culturais de museus, monumentos, palácios e sítios arqueológicos estão a ser digitalizados, num projeto financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que terá de ficar concluído até ao final do ano.

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Lusa
16/01/2025 16:04 ‧ há 3 horas por Lusa

Cultura

PRR

O projeto intitula-se 'Património Cultural 360', está já a decorrer, envolvendo mais de 50 especialistas de várias áreas, e foi hoje oficialmente apresentado em Lisboa, com o seu coordenador, Luís Sebastian, a descrevê-lo como revolucionário e "muito, muito ambicioso" nos prazos.

 

'Património Cultural 360', que tem um orçamento de 11,7 milhões de euros financiados pelo PRR, consiste na digitalização de 59.500 bens culturais móveis em 2D e 3D, na realização de 12 documentários e na criação de 65 visitas virtuais de outros tantos museus, monumentos, palácios e sítios arqueológicos tutelados pelo Estado.

Com um prazo de conclusão afixado para 31 de dezembro deste ano, atualmente foram produzidas mais de 20.000 digitalizações, com a participação de mais de 50 especialistas das áreas de informática, conservação e restauro, fotografia, modelação e design gráfico, das equipas de trabalhadores da Museus e Monumentos de Portugal EPE, Património Cultural IP e de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade Nova de Lisboa.

Os 59.500 bens culturais a digitalizar foram previamente escolhidos pelos diretores de museus, monumentos, palácios e sítios arqueológicos e entre eles estão os bens classificados como "tesouro nacional" e bens de várias escalas, tipologias e materiais, como uma pequena peça de ourivesaria, uma peça de vestuário, uma pintura, uma fotografia ou uma escultura de várias toneladas.

"Temos todas as realidades: obras que estão em reservas, obras que estão em exposições permanentes. Tem sido essencial a colaboração das equipas dos museus. Só assim tem sido possível este milagre", afirmou hoje aos jornalistas o coordenador do projeto e diretor do departamento de transição digital do Património Cultural IP, Luís Sebastian.

O Museu Nacional de Arqueologia, onde hoje decorreu esta apresentação, é um dos que tem o processo de digitalização mais adiantado, com 10.819 bens culturais já em arquivo 2D, o que significa uma fatia substancial do total dos 59.500 pretendidos para todo o universo do património português.

"O 'day after' do projeto vai ser revolucionário a todos os níveis e também na conservação e restauro. Vamos ter um registo tridimensional com uma escala e pormenor que nunca tivemos. Em termos de investigação é revolucionário. (...) Isto é apenas o princípio", sublinhou Luís Sebastian.

Presente nesta apresentação pública, a secretária de Estado da Cultura, Maria de Lurdes Craveiro, falou nos "potenciais tremendos" deste projeto para investigadores, para cativar jovens para o património, para visitantes portugueses e estrangeiros.

Segundo Maria de Lurdes Craveiro, só a partir de 2026 é que o público em geral poderá ter acesso às digitalizações que estão a ser produzidas atualmente num "processo muitíssimo reservado".

No entanto, ainda não está definido o modelo e as condições tecnológicas que cada um dos museus, monumentos, palácios e sítios arqueológicos terá para partilhar e divulgar esta informação visual de 59.500 bens.

Maria de Lurdes Craveiro falou na possibilidade de "uma estrutura tutelada" pelo Património Cultural IP ou pela Museus e Monumentos de Portugal EPE -- os dois organismos nascidos em 2024 da extinta Direção-Geral do Património Cultural -- ou de uma avaliação de "vias mais operativas".

Luís Sebastian lembrou que o projeto de digitalização 'Património Cultural 360' é um ponto de partida para a divulgação do património em diferentes soluções, como por exemplo, a criação de portais para a educação ou para o público infantil.

Quanto ao cumprimento dos prazos, a 31 de dezembro, Luís Sebastian disse: "Passamos o dia a pensar nessa data. É muito, muito ambicioso, porque é uma escala que nunca foi tentada. Tudo o que está a ser produzido tem de ser arquivado de acordo com as normas internacionais".

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