"A minha ambição é que o museu do circo [em Portugal] possa abrir daqui a 10 anos, portanto, isto demora tempo", declarou Rui Leitão, investigador e coordenador científico do RISCO, em Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga.
Consciente que este tipo de projetos necessita de ter várias parcerias nacionais e internacionais, Rui Leitão admitiu que o equipamento, por ser "extremamente caro", venha a precisar de apoio de fundos comunitários.
"São projetos muito caros, ou seja, só para começarmos com reservas técnicas, ter uma equipa técnica a tratar deste trabalho, podermos adquirir mais acervos, ter espaço para os guardar devidamente, poderíamos estar a falar de qualquer coisa como 300 a 500 mil euros por ano para podermos desenvolver este trabalho agora. Daí até abrir ao público, só o investimento para um espaço físico vai outro dinheiro ainda mais alto", disse.
Rui Leitão destacou que há um trabalho "afincado" que está a ser feito há dois anos e meio para poder abrir-se em Portugal um museu do circo, estando nesta altura em conversações com vários municípios a norte do país.
Algumas das parcerias que estão em curso se implementar a unidade museológica é com a Universidade do Minho, a Escola Superior de Educação do Porto, através do Mestrado de Património, a Universidade de Campinas, em São Paulo (Brasil), o Centro de Memória do Circo, único museu exclusivo de circo em toda a América Latina, e o Circo Conteúdo, que é um portal sobre investigação de circo escrito em português.
Atualmente, o acervo recolhido pelo RISCO contabiliza mais de 500 documentos históricos doados por seis famílias do circo em Portugal.
No acervo doado há uma coleção de figurinos de palhaços, centenas de fotografias a cores, partituras originais das orquestras que atuavam ao vivo nos espetáculos do Circo Chen, pastas de correspondência de gestão e administração datada de 2000-2004, entre outros.
"O património é uma coisa que é de todos. O acervo recolhido até ao momento está no Instituto Nacional das Artes do Circo (INAC), mas não é do INAC. Este acervo faz parte da história do circo português e pertence a todos nós", observou o coordenador científico.
Rui Leitão desafiou, hoje, todos os curiosos sobre a temática circense, bem como os herdeiros e ou pessoas que encontraram uma caixa de um pai ou de um avó sobre coisas relacionadas com o circo, que contactem o centro de investigação em Famalicão para poderem trabalhar sobre "esse património".
Desde 2023 que este centro de investigação tem vindo a desenvolver contactos com várias famílias de circo com o intuito de conhecer este património (material e imaterial) e perceber se pode divulgá-lo publicamente.
Segundo Rui Leitão, é "emergente" criar condições de salvaguarda deste património.
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