'Jenufa'. Maestro Jaroslav Kyzlink estreia-se em Portugal na sexta-feira

O maestro checo Jaroslav Kyzlink estreia-se em Portugal, na próxima sexta-feira, em Lisboa, na direção da ópera 'Jenufa', do compositor Leos Janácek (1854-1928), que sobe à cena no Centro Cultural de Belém (CCB).

Notícia

© Shutter Stock 

Lusa
18/03/2025 23:47 ‧ ontem por Lusa

Cultura

Ópera

Para o maestro, que dirige pela oitava vez esta ópera do seu compatriota, que considera "um dos maiores compositores de óperas do século XX", 'Jenufa', um dos "mais representados" dramas em todo o mundo, destaca-se pela trama "profundamente comovedora", como afirma à agência Lusa.

 

A ópera 'Jenufa' teve uma primeira versão, de 1908, estreada em Brno, na República Checa, que foi considerada excêntrica, na época, o que levou o compositor a revê-la e apresentar uma segunda versão. Atualmente, porém, é a versão original a mais representada nos palcos líricos internacionais, e também a que estará no Grande Auditório do CCB, na próxima sexta-feira e no domingo, numa encenação do canadiano Robert Carsen, 25 anos após a sua última apresentação na temporada do S. Carlos.

Kyzlink disse à Lusa que é um desafio para o elenco cantar em checo, algo que "tem conseguido com êxito", apesar da dificuldade da língua. A protagonista é a soprano croata Evelin Novak; o restante elenco é constituído pelos tenores Richard Trey Smagur, norte-americano, e Dovlet Nurgeldiyev, germano-turcomeno, a soprano alemã Ángeles Blancas e os portugueses Cátia Moreso, Cláudia Anjos, Luís Rodrigues, Patrícia Quinta, José Corvelo, Paula Morna Dória e Rafaela Albuquerque.

Leos Janácek assina também o libreto da ópera, baseado na peça 'Její pastorkyna', de Gabriela Preissová, que causou escândalo nos palcos checos, nos anos de 1890.

Referindo-se à dramaturgia, o maestro Jaroslav Kyzlink destacou a "economia" de Leos Janácek, "dispensando o acessório e focando-se na história", "assim como numa composição musical muito concentrada". Sobre a partitura, assegurou que "parece mais difícil do que na realidade é", devido às "muitas notas" deixadas pelo compositor checo.

O maestro destacou o facto de esta ser a primeira ópera de Leos Janácek, que a compôs na sua juventude, entre 1896 e 1902, seguindo-se "um período de pausa em que se concentrou noutros trabalhos, mas todas as suas óperas são obras-primas".

Para Kyzlink, Leos Janácek estava à frente do seu tempo, no trabalho de composição. "Cerca de 25 anos, comparando com os seus pares", sustentou, o que levou a que não fosse plenamente compreendido na época. As árias curtas e a instrumentação mínima, "sem artifícios pelo meio", são algumas das 'inovações' destacadas pelo maestro.

A Morávia é a região onde se desenrola a ação de 'Jenufa', tendo Janácek composto alguns elementos musicais inspirados na tradição musical daquela região, disse Jaroslav Kyzlink, dando como exemplo a cena de abertura. "A tonalidade dos instrumentos vai também beber às fonte folclóricas", acrescentou.

'Jenufa' caracteriza-se "por um história e música poderosas, que vai colar o público aos seus lugares", disse Jaroslav Kyzlink que elogiou o atuação "excelente" da Orquestra Sinfónica Portuguesa, do Coro do Teatro S. Carlos e de todo o elenco.

Diretor musical da Ópera Nacional de Praga, entre 2016 e 2022, Jaroslav Kyzlink nasceu em Brno, onde estudou direção de orquestra na Academia de Música Janácek, ingressando na ópera da sua cidade natal, que viria a dirigir. No início dos anos 2000, esteve à frente da Ópera do Teatro Nacional Eslovaco.

A sua carreira internacional passou então, como maestro, pela Ópera Nacional Dinamarquesa, o Festival de Ópera de Wexford, o Teatro Nacional em Tóquio, dirigindo compositores como Gluck, Mozart e Rossini, Berlioz, Smetana e Korngold, sem esquecer Leos Janácek, atravessando um repertório operático de quase 300 anos. Em 2014-2019, foi maestro principal do Teatro Nacional Esloveno, em Liubliana.

'Jenufa' regressa ao programa do Teatro Nacional de S. Carlos ao fim de 25 anos, com a encenadora canadiana Maria Lamonta a assumir a reposição da encenação de Robert Carsen, o encenador que ousou a tetralogia de Wagner ("O Anel do Nibelungo") em Colónia, nome recorrente das temporadas da Metropolitan Opera, da Ópera da Bastilha, do La Fenice, da Ópera de São Francisco e do Festival de Salzburg, entre outros palcos internacionais.

A cenografia e figurinos de 'Jenufa' são de Patrick Kinmonth, antigo diretor criativo da Vogue britânica, que também trabalhou com Carsen em óperas de Handel, Mozart e Wagner.

'Jenufa' estará em cena no Grande Auditório do CCB, em Lisboa, na próxima sexta-feira, às 21:00, e no domingo, às 17:00.

Leia Também: Representante de França vai homenagear mãe portuguesa na Eurovisão

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas