Com obras de 24 artistas, como Ângelo de Sousa, Grada Kilomba, William Kentridge e Vasco Araújo, a exposição propõe um diálogo com o conceito de "pós-museu", inspirado na reflexão da investigadora Françoise Vergès, que defende uma abordagem crítica ao modelo tradicional do museu ocidental, segundo a organização.
A mostra parte da relação entre práticas curatoriais e os mecanismos de construção de uma coleção, sublinhando os processos de exclusão, seleção e representação que os constituem, segundo um texto de Sandra Vieira Jurgens, diretora da CACE.
O objetivo é "lançar pistas para novas leituras do passado e do presente, assentes na investigação e na multiplicidade de interpretações possíveis", aponta.
"'A' de Ausência" apresenta-se como uma exposição caleidoscópica, cruzando diversas geografias, gerações e contextos conceptuais, manifestados em obras de artistas como José de Guimarães, Luciana Fina, Manuel Santos Maia, Mónica de Miranda, Nikias Skapinakis, Pedro A.H. Paixão e Pedro Barateiro, entre outros.
As obras selecionadas exploram "formas singulares e coletivas de identidade cultural", convocando questões estéticas, sociais e políticas, em confronto com discursos nacionalistas ou universalistas.
"Tomando como ponto de partida determinadas referências estéticas e históricas, interessa-nos perceber como os artistas têm refletido sobre a carga política e social da identidade na sociedade contemporânea, num esforço para contrariar os efeitos quer dos nacionalismos contemporâneos quer do discurso universalista abstrato", explica Sandra Vieira Jurgens.
O Museu Nacional de Etnologia recebe até 13 de julho esta proposta da CACE que pretende interrogar as dinâmicas históricas e contemporâneas da representação e sub-representação no espaço museológico, num apelo à "abertura ao diálogo e à escuta crítica sobre o passado colonial".
A CACE é uma coleção pública que reúne obras de arte contemporânea adquiridas pelo Estado com o objetivo de apoiar os artistas nacionais, preservar a criação artística contemporânea e promovê-la junto do público.
Inclui trabalhos de pintura, escultura, fotografia, vídeo, instalação, entre outros meios, abrangendo diversas gerações e linguagens artísticas.
A coleção - cujas obras são cedidas a instituições públicas para exposições temporárias - tem estado em circulação pelo país em exposições apresentadas, nos últimos anos, em instituições de Lisboa, Porto, Aveiro, Tavira, Elvas, Beja, Castelo Branco, Vila Nova de Foz Côa e, no estrangeiro, em Itália e Espanha.
A exposição "Pós-Museu: 'A' de Ausência", com obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, é inaugurada na quinta-feira, às 18:00, no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa.
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