Conímbriga quer mais visitantes 50 anos após descoberta do Fórum Romano

A descoberta do Fórum de Conímbriga confirmou a estação arqueológica romana como a mais importante em Portugal que, 50 anos depois, quer atrair mais público, valorizando a proximidade de Coimbra.

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Lusa
07/12/2015 09:55 ‧ 07/12/2015 por Lusa

Cultura

Coimbra

O Fórum Romano integra um templo, tribunal, mercado e praça pública. As escavações realizadas entre 1965 e 1966 permitiram recolher centenas de peças atualmente expostas no Museu Monográfico de Conímbriga.

"A sua descoberta foi extraordinariamente importante, do ponto de vista científico e depois mesmo de valorização da cidade enquanto local aberto ao público", afirma o diretor do museu, Virgílio Correia, à agência Lusa.

Os investigadores já tinham "uma suspeita muito vaga" da existência do Fórum, encontrado durante as escavações luso-francesas coordenadas por João Manuel Bairrão Oleiro, Jorge de Alarcão, Adília Moutinho Alarcão e Robert Étienne.

Localizada na via que ligava Olisipo a Bracara Augusta, as atuais cidades de Lisboa e Braga, Conímbriga "já era um povoado bastante importante antes da chegada dos romanos", em 138 antes de Cristo.

O Museu Monográfico foi criado em 1962 e logo o primeiro diretor, Bairrão Oleiro, "programou uma campanha de escavações", em colaboração com a Universidade de Coimbra e a Universidade de Bordéus, em França.

"Conímbriga é até, por vezes, reconhecida como mais importante para a ciência, talvez mais do que tenha sido enquanto cidade romana", observa o atual diretor.

A cidade "é caso único sobretudo devido à proximidade" da Universidade de Coimbra, que fez da estação arqueológica romana a mais bem estudada do país.

As ruínas estão situadas na freguesia de Condeixa-a-Velha, nos arredores de Condeixa-a-Nova e a 16 quilómetros de Coimbra.

"É relativamente raro cidades romanas, como Conímbriga, que tenham sido abandonadas na Idade Média e que possam ser completamente exploradas", realça Virgílio Correia.

A cidade terá chegado a ter 5.000 habitantes e "equilibrava agricultura de subsistência com agricultura de rendimento", dedicada ao vinho e ao azeite.

"Produziu-se aqui uma determinada variante de ânfora para o transporte de vinho, o que mostra que houve a capacidade de as olarias trabalharem para uma dessas culturas de rendimento", sublinha o arqueólogo, explicando "uma das descobertas mais recentes" das investigações no museu.

Conímbriga é "um dos principais polos turísticos" do Centro de Portugal. "Quem vem visitar Coimbra tem uma cidade romana a 15 minutos. Ninguém vai a Nápoles que não vá a Pompeia", exemplificou.

Esta cidade romana, na Itália, dista 22 quilómetros de Nápoles e foi destruída por uma erupção do vulcão Vesúvio.

"Há um setor importante de turismo organizado que coloca Conímbriga nos circuitos do turismo religioso, entre Coimbra e Fátima", refere.

A promoção turística conjunta de Coimbra, cuja Universidade está classificada como Património Mundial, e Conímbriga, que aspira a idêntica distinção da UNESCO, teria vantagens mútuas.

"Pode ter um efeito imediato e direto no crescimento da estadia média dos visitantes em Coimbra", sublinha Virgílio Correia, que admite "perda de visitantes na última década" devido a diferentes fatores, como a redução do público escolar.

"Em 15 anos, perdemos metade do nosso público", que era de 200 mil visitantes por ano e agora ronda os 100 mil.

A professora do ensino básico Maria José Cordeiro já acompanhou várias vezes alunos em visitas a Conímbriga.

Desta vez, com outras colegas, apoia 100 meninos do Centro Escolar da Figueira da Foz. "A romanização da Península é uma matéria de que eles gostam muito", declara.

"Conímbriga é o nosso principal fator distintivo em termos turísticos, culturais e patrimoniais", confirma à Lusa o presidente da Câmara de Condeixa, Nuno Moita.

A autarquia planeia construir uma ciclovia a ligar a vila às ruínas. E o Museu Multimédia Poros, em fase de instalação, "será a âncora de ligação de Conímbriga a Condeixa", aposta Nuno Moita.

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