"O centenário pode, e deve, ser aproveitado para estudar, rever e repensar a obra de Júlio Resende que resume a arte do século XX, repensá-la e reenquadrá-la na história da arte moderna e contemporânea, recuperar o interesse de críticos e de curadores sobre a sua obra", disse hoje à Lusa o presidente da Fundação Júlio Resende, Victor Costa.
O responsável da fundação falava no dia em que foi apresentado o programa do centenário, sendo que "a ideia é permitir às gerações mais novas e aos críticos poderem aprofundar uma obra que não está estudada em muitos parâmetros.
"Por exemplo, a sua obra pública, a influência das várias plasticidades que percorreu e o impacto das suas viagens aos países lusófonos na arte portuguesa e que podem constituir matéria para mestrados ou doutoramentos", afirmou.
Júlio Resende nasceu no Porto e foi autor de uma obra vasta, desenvolvida entre os anos 30 do século XX e a primeira década do século XXI, sendo considerado um dos grandes pintores portugueses do século XX.
Dividido em três eixos, o programa das comemorações vai incidir sobre a produção artística e a sua disseminação através de exposições, conferências e publicações, a obra pública de Júlio Resende, com o recurso a visitas orientadas e a roteiros digitais, e a dinamização urbana.
As exposições durante o ano de comemoração vão poder ser vistas de Vila Nova de Famalicão a Estremoz e haverá, entre fevereiro e junho de 2018, cinco momentos de um colóquio que versará a obra do pintor. Para além disso, será editado um livro fotobiográfico, iniciado por Júlio Resende, mas que a sua morte deixou incompleto.
O programa prevê ainda a atribuição do seu nome a uma rua do Porto, uma exposição de rua entre o largo do Moinho de Vento e a rua de Cedofeita, onde nasceu e cresceu, bem como percursos culturais nessas zonas. Vai haver ainda uma mesa redonda e ciclos de sessões sobre o Porto em 1917, ano do nascimento do pintor.
Ao longo da sua carreira foi por várias vezes distinguido: Prémio Armando Basto (1945), Amadeo Sousa Cardoso (1949), António Carneiro (1953), todos atribuídos pelo SNI; Prémio do Salão dos Artistas de Hoje (1956); Prémio Especial na Bienal de S. Paulo (1951); Menção Honrosa na 5.ª Bienal de S. Paulo e 2.º Prémio Pintura na I Exposição de Artes Plásticas FCG (1957); Prémio AICA - SEC (1984) Prémio Aquisição 1987 da Academia Nacional de Belas Artes (1988); Prémio de Artes Casino da Póvoa (2008).
Com um trabalho diversificado, ilustrou obras literárias, particularmente para a infância, criou cenários e figurinos para teatro, bailado e espetáculos, com o "diálogo" com os países lusófonos a marcar a última fase do seu trabalho.