Dan Brown esteve em Lisboa e falou em trazer Robert Langdon a Sintra

Autor norte-americano Dan Brown apresentou o seu quinto livro, este domingo, em Lisboa.

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© Líbia Fiorentino

Raquel Lima
16/10/2017 08:30 ‧ 16/10/2017 por Raquel Lima

Cultura

Apresentação

Madonna tem tido o nome apregoado por Lisboa nos últimos tempos, mas foi Dan Brown quem foi recebido com honras de celebridade, este domingo. 

O autor norte-americano, que entra e sai da lista mundial de mais lidos com 200 milhões de títulos vendidos em 56 países, levou ontem 1.500 fiéis admiradores ao Centro Cultural de Belém (CCB).

Os ingressos esgotaram ainda pela manhã. E ao abrir das portas do auditório, em Belém, houve correria. Alguns estiveram à espera durante horas. Tudo para testemunhar a primeira vez em que o escritor de 'O Código Da Vinci' apresentava, em direto, uma obra em Portugal. 'Origem', quinto capítulo da saga literária do Professor de Simbologia Robert Langdon, teve estreia mundial no último dia 4.

Desde então, o autor segue em digressão. Horas antes de aterrar em Lisboa, Brown esteve na Feira do Livro de Frankfurt. A seguir, vai para Espanha, onde, neste dia 17, lançará simbolicamente a obra no país. É que 'Origem' ambienta-se em terras espanholas e tem locais como o Museu Guggenheim e a Sagrada Família a servir de cenário. Aliás, a escadaria da igreja criada por Antoni Gaudí é a imagem que ilustra a capa da nova obra.

Portugal, país que visitou no tempo em que estudava na Universidade de Sevilha, também foi cogitado como panorama. “A localização é, para mim, uma das personagens mais importantes de um livro, por isso escolho sítios dramáticos”, revelou o autor. Ao responder à primeira pergunta da plateia, Brown afirmou ter pensado em incluir o país numa das suas obras. “Até já tenho o título: ‘Sintra’s Cipher’ (‘A cifra de Sintra’, em tradução livre)”, ao que foi muito aplaudido.

Durante os cerca de 30 minutos nos quais falou sobre este sétimo livro, Brown recuperou as próprias origens para explicar a génese do embate entre religião e ciência que permeia a sua obra. A mãe, Connie, era organista e coordenadora do coral da igreja, do qual fez parte.

“Li a Bíblia, frequentei aulas de educação religiosa e ia à missa aos domingos”, lembrou. “O meu pai [Robert Brown] era igualmente fiel à matemática [risos], assim, podem ver que tive uma infância difícil, entre religião e ciência… Cresci esquizofrénico”, comentou, bem-disposto, o autor.

Uma recordação marcante também revelada foi a morte de uma amiga, uma menina de 11 anos, que sofria de leucemia - mesma doença que causou a morte da mãe. Na cerimónia fúnebre, o pároco defendeu que tudo fazia parte de um plano divino. “Enquanto criança, lembro-me de pensar: ‘este é um péssimo plano. Não gosto dele! Não acredito no Deus deste plano’. E comecei a afastar-me da religião”.

Anos depois, Brown ressentiu-se ainda mais ao ouvir de um padre que “bons rapazes não fazem este tipo de pergunta”, quando questionou sobre quem, afinal, estava certo “Darwin ou a fé”. As perguntas antes caladas no âmago da igreja estão agora nos livros do autor. “Tudo que faço é escrever sobre o que gostaria de ler. Como pensadores, é nosso dever criar diálogos e é por isso que escrevo”, defendeu.

Nas 552 páginas de 'Origem', livro editado em Portugal pela Bertrand, é a tecnologia que ameaça a fé dos homens. “Viramo-nos para Deus com perguntas que não conseguimos responder, mas este abismo do que não sabemos está cada vez menor”. Na nova trama, o bilionário e futurista Edmond Kirsch diz-se capaz de responder exatamente a uma das perguntas mais vitais da humanidade: “de onde viemos, para onde vamos”. Langdon, claro, entra em cena para investigar a teoria.

"É assustador", fez sobressair Brown sobre as novas tecnologias. "São descobertas que ajudam a resolver grandes problemas da humanidade e ao mesmo tempo são usadas como armas”, enfatizou, aludindo ainda ao suposto perigo que representa o avanço tecnológico nas mãos do presidente Donald Trump. “Não deveria falar de política... não sou particularmente fanático de Trump, mas tenho orgulho do sistema do meu país, que não lhe concede poder suficiente para fazer nada, para cometer asneiras”.

No final do encontro, restou a perceção de que o trabalho de Brown é herança paterna, mas também materna. O próprio autor defende que seguimos a fé dos nossos pais. Entre críticas e defesa de opiniões como “a moralidade não é exclusiva das religiões”, o tema Deus é tão recorrente nas falas do autor quanto nas de um religioso. “Não me considero ateu, sou mais agnóstico, mas, em momentos em que toda a gente está conectada, sinto que há algo maior. Não quero dar um nome a isto, ainda sou uma obra em progresso”.

Brown revelou que ainda não pensa na oitava obra. “É como uma mulher que deu à luz há 10 minutos e o marido pergunta: ‘quando repetimos?’”, brincou.

Um projeto futuro está, na verdade, relacionado com 'Origem'. O autor gostaria que o livro, cujos direitos já foram vendidos para o cinema, fosse antes uma minissérie. “Sonhei que seria apresentado em 12 episódios. Não sei o quão longe chegarei nesta zanga, mas vou tentar”, garantiu. 

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