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"Um atentado ao Sporting": Cinco anos depois, André Patrão pede novo rumo

Subscritor do movimento 'Dar Rumo ao Sporting', que culminou na demissão de Godinho Lopes em 2013, defende que, "se o presidente cumprir com a sua palavra de defender os direitos do Sporting e ouvir os sócios, não haverá necessidade de serem estes a convocar uma Assembleia Geral".

"Um atentado ao Sporting": Cinco anos depois, André Patrão pede novo rumo

Estávamos em outubro de 2012 e o Sporting atravessa um dos mais delicados períodos da sua história. Desportivamente, a equipa caminhava rumo ao sétimo lugar na I Liga, o pior da sua história. Financeiramente, o estado era de tal maneira débil que seria necessário vencer Ricky Van Wolfswinkel para pagar salários.

Foi então que surgiram os nomes de André Patrão e Miguel Paím. Juntos, os dois jovens sócios leoninos lançaram o movimento ‘Dar Rumo ao Sporting’, que visava recolher mil assinaturas para convocar uma Assembleia Geral extraordinária que permitisse a destituição da direção lançada por Luís Godinho Lopes.

O dirigente acabou por sair pelo próprio pé, em muito graças à pressão do movimento, abrindo caminho a umas eleições nas quais Bruno de Carvalho viria a derrotar José Couceiro e Carlos Severino, tornando-se, assim, no 42.º presidente da história do clube de Alvalade.

Mais de cinco anos depois de convocar o movimento, André Patrão não esconde “um desalento enorme” pelo momento que o Sporting vive. “Não só pelo momento de barbárie” registado em Alcochete, onde jogadores e equipa técnica foram agredidos por um grupo de 50 encapuzados, “como especialmente por aquilo que foi feito à identidade do clube”.

Vale sublinhar que esta não foi a primeira vez que o Desporto ao Minuto tentou chegar à fala com André Patrão. As primeira investidas foram negadas em nome do “interesse do Sporting”. Agora, no entanto, acredita que chegou a hora de quebrar o silêncio: “Não foi por uma derrota, por uma má época, por um mau momento. O desalento é por sentir que a identidade do clube, o que o define e os seus princípios, foi denegrida. E isso é pior do que qualquer derrota”.

“Independentemente da extensão da culpa pelo que aconteceu, a verdade é que o momento mais baixo da história do Sporting aconteceu no mandato dos atuais órgãos sociais. É impossível continuar no dia seguinte como se fosse um dia normal, sem consequências”, lamenta, em declarações exclusivas ao nosso site.

Será, então, imperativo avançar com eleições antecipadas?: “A única coisa que tenho a dizer é que, se o presidente cumprir com a sua palavra de defender os direitos do Sporting e ouvir os sócios, não haverá necessidade de serem estes a convocar uma Assembleia Geral”.

“Nunca pensei dizer isto depois dos últimos meses do mandato de Godinho Lopes, mas este evento foi o mais negro da história do Sporting desde que me lembro [à exceção da morte de um adepto leonino no Jamor, no seguimento do arremesso de um ‘very light’, na final da Taça de Portugal com o Benfica, corrigiu de seguida]. Não é só uma ocasião, não é só um jogo perdido ou uma época que correu mal. É um atentado à identidade e aos princípios que sustentam o clube e os seus sócios”, alerta.

"Obrigado aos jogadores"

André Patrão reconhece que assistir às imagens que resultaram da invasão de terça-feira à Academia de Alcochete provocou-lhe “um momento de choque”. Por isso mesmo, faz questão de deixar uma palavra de agradecimento aos ‘heróis’ de verde e branco, que já fizeram saber que irão entrar em campo para defrontar o Desportivo das Aves no domingo, para a final da Taça de Portugal.

“É uma decisão heróica pelo que passaram. Por isso, digo ‘obrigado’ aos jogadores, primeiro por nos darem uma oportunidade de, no Jamor, pedirmos desculpa. Não é que a culpa seja nossa, dos que estão a pedir desculpa. Mas a verdade é que passaram pelo imaginável e inaceitável no nosso clube, passaram por situações inqualificáveis, e dão-nos oportunidade de pedir desculpa. Mais do que isso, agradeço o facto de entrarem em campo. A partir do momento em que o fizerem, já serão heróis e já estarão a honrar a camisola como poucos da história do Sporting”, defende.

Além disso, refere que não teme um eventual ‘pós-Bruno de Carvalho’. Defende que “o Sporting tem um valor fortíssimo em relação a qualquer clube em Portugal, que são os sócios”. Algo que sustenta com uma simples frente que está “na génese” dos leões: “O Sporting somos nós”.

“Quando os sportinguistas deixam de se rever no seu clube, não o abandonam, transformam-no. E há sempre sportinguistas disponíveis para tomar ação, para transformar o Sporting à sua imagem. Dou o exemplo do que aconteceu na noite de terça-feira. Estou na Suíça e é muito mais difícil sofrer com tudo o que se passa estando à distância, sentindo-me impotente. Centenas de sócios reagiram quase instantaneamente, reuniram-se no estádio, a mostrar apoio aos jogadores e a rejeitar completamente o que tinha sido feito em nome do clube, limparam uma imagem denegrida. Aí é que está o verdadeiro Sporting”, sublinha.

Um 'recado' além-Alvalade

À margem do ambiente de terror vivido em Alcochete, há um outro ‘dossiê’ que vai marcando o momento leonino: a chamada operação Cashball, que levou a Polícia Judiciária a realizar, esta quarta-feira, buscas à SAD do Sporting e culminou com quatro detenções, entre elas a de André Geraldes.

A operação em causa prende-se com suspeitas de “corrupção ativa”, não só no andebol, como também no futebol verde e branco. A propósito deste tema, André Patrão deixa um ‘recado’ que vai além das paredes de Alvalade.

“Queria deixar um último apelo pelas notícias que saíram recentemente, mas muito curto. Há coisas que os sócios de FC Porto e Benfica têm aceitado que nunca aceitaremos no nosso clube, venha de quem vier. Fico-me por aqui”, rematou.

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