A missão não é impossível, mas está complicada... e muito. O FC Porto perdeu, esta quarta-feira, a primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, diante do Chelsea, e está, agora, obrigado a fazer o que nunca fez para seguir em frente: dar a volta a um diferencial de 0-2 numa competição europeia.
No mundo do futebol, tem-se por hábito dizer que, na prova milionária, os erros pagam-se caro. Uma expressão que não poderia aplicar-se melhor àquilo que se viu da equipa orientada por Sérgio Conceição ao longo dos 90 minuto, no estádio Ramón Sánchez Pizjuán, na cidade espanhola de Sevilha.
Os dragões dispuseram de oportunidades de sobra para fazer a festa. Logo aos 12 minutos, Matheus Uribe, de fora da grande área, atirou a centímetros da barra. E, pouco depois, foi a vez de Edouard Mendy ter de se aplicar quando Otávio surpreendeu tudo e todos ao tentar um canto olímpico.
Os blues, por sua vez, não precisaram de pedir licença, e, na primeira oportunidade de que dispuseram, marcaram. Jorginho deixou a bola em Mason Mount, que, após um erro capital de Zaidu Sanusi, rodou com um belo gesto técnico e atirou para o fundo das redes à guarda de Agustín Marchesín.
Na segunda parte, a história repetiu-se. Logo a abrir, Wilson Manafá lançou Moussa Marega, que acelerou e atirou para uma defesa apertada de Edouard Mendy. Apenas cinco minutos depois, foi a vez de Luis Díaz combinar com o lateral-direito e fazer a bola rasar o poste da baliza adversária.
Já em cima do apito final, eis que surgiu a 'machadada final'. Christian Pulisic deixou o primeiro aviso ao 'disparar' à barra, mas, à segunda, Ben Chilwell não perdoou. O lateral aproveitou um (raro) erro de Jesús Corona para recuperar a bola, isolar-se perante o guarda-redes do conjunto português e selar o resultado final.
O FC Porto tem, agora, pela frente uma dura 'montanha' de escalar, quando, na próxima terça-feira, defrontar novamente o Chelsea, uma vez mais em Sevilha. Pelo meio, tem ainda uma 'traiçoeira' deslocação a Tondela, onde está proibido de perder pontos para se manter na luta pelo título de campeão português.
Figura
O FC Porto pode apontar o dedo aos erros individuais pelo desfecho do encontro do estádio Ramón Sánchez Pizjuán, mas a verdade é que Edouard Mendy também teve muitas culpas no cartório. O guarda-redes senegalês esteve intransponível durante os 90 minutos, mantendo a baliza inviolada em momento cruciais
Surpresa
Privado do capitão Sérgio Oliveira, que, além de lesionado, cumpriu o castigo devido ao cartão amarelo visto diante da Juventus, Sérgio Conceição deu uma nova oportunidade a Marko Grujic, que cumpriu em pleno. O jogador cedido pelo Liverpool 'encheu' o meio-campo e esteve na génese da boa reação portista no segundo tempo.
Desilusão
Timo Werner era a grande esperança dos adeptos do Chelsea para esta época, após ter sido contratado ao Leipzig por cerca de 50 milhões de euros, mas, uma vez mais, não se mostrou à altura das expetativas. Esteve 'desaparecido' do jogo, e, quando teve bola revelou-se demasiado 'trapalhão', pelo que foi, sem grande surpresa, o primeiro a sair.
Treinadores
Sérgio Conceição: O FC Porto teve algumas dificuldades em ter bola, particularmente no primeiro tempo, mas soube sempre controlar o ataque do Chelsea, que, com exceção dos lances de golo, pouco fizeram para justificar o resultado. Em desvantagem, decidiu arriscar e lançar Francisco Conceição, Toni Martínez e Fábio Vieira, mas a equipa partiu e acabou por sofrer o segundo golo.
Thomas Tuchel: É verdade que o Chelsea teve sempre mais bola do que o FC Porto, mas, tirando alguns minutos da primeira parte (quando Mason Mount desfez o nulo) e os instantes finais (quando Sérgio Conceição 'colocou a carne toda no assador', resultando no golo de Ben Chilwell), poucas vezes foi perigoso com ela. Assegura, ainda assim, um ótimo resultado, que deixa boas perspetivas para a segunda mão.
Árbitro
Slavko Vincic fez sempre uso de um critério largo, procurando sempre deixando jogar, muitas vezes além do limite das regras. O FC Porto reclamou grande penalidade por duas vezes, e, se na primeira fica claro que César Azpilicueta não comete falta sobre Luis Díaz, na segunda já é mais difícil argumentar que o empurrão nas costas de Moussa Marega não era motivo para grande penalidade.
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