Depois de muitos rumores, a confirmação oficial aconteceu na noite de domingo. Um comunicado conjunto de 12 clubes anunciou a criação da tão propalada Superliga Europeia.
Após meses de negociações secretas, a criação da Superliga apresenta-se como uma ameaça à Liga dos Campeões, que deve conhecer esta segunda-feira o novo formato da competição.
Ainda não existe data anunciada para a primeira edição desta prova, mas UEFA e FIFA já se mostraram contra esta nova competição, com o organismo que regula o futebol europeu a prometer mão pesada para os clubes que nela participarem.
Eis o que precisa de saber sobre esta nova competição:
Quem está envolvido?
A prova tem 12 clubes fundadores (AC Milan, Arsenal, Atlético Madrid, Chelsea, Barcelona, Inter, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham), aos quais se podem juntar três depois da temporada de estreia, e ainda outros cinco emblemas que se classificarão para a prova anualmente com base no seu rendimento na temporada anterior.
Bayern Munique e Paris Saint-Germain ficaram fora desta prova, com a Federação alemã a defender que os clubes germânicos deveriam ficar à margem da mesma.
Como é o formato?
Todos os jogos serão disputados a meio da semana, com todos os clubes a continuarem a competir nas suas respetivas ligas domésticas, preservando assim o calendário tradicional que está no centro da vida do clube.
A época começará em agosto, com os clubes a participarem em dois grupos de dez, jogando em casa e fora; os três primeiros de cada grupo qualificar-se-ão automaticamente para os quartos-de-final. As equipas que terminarem em quarto e quinto lugar irão jogar um play-off adicional de duas pernas. Posteriormente, serão disputados play-offs de duas pernas desde os quartos-de-final até à final, que será disputada como um único jogo no final de maio, num local neutro.
Assim que possível, após o início da competição masculina, uma liga feminina correspondente também será lançada, ajudando a avançar e desenvolver o futebol feminino.
As razões para avançar para esta prova
Os clubes fundadores disseram que a pandemia do novo coronavírus "acelerou a instabilidade no modelo económico do futebol europeu existente", mostrando também que uma "abordagem comercial sustentável" é necessária para apoiar a "pirâmide do futebol europeu".
"Nos últimos meses, houve um amplo diálogo com as partes interessadas do futebol sobre o futuro formato das competições europeias", sublinha o mesmo comunicado.
"Os clubes fundadores acreditam que as soluções propostas após essas negociações não resolvem questões fundamentais, incluindo a necessidade de fornecer jogos de maior qualidade e recursos financeiros adicionais para a pirâmide do futebol em geral", prossegue o documento.
Quem manda na nova Superliga?
Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, será o presidente da primeira Superliga Europeia. O máximo dirigente dos merengues terá o apoio de Andrea Agnelli, líder da Juventus, e Joel Glazer, vice-presidente do Manchester United, que serão os vice-presidentes desta prova.
O que cada clube irá receber?
Cada clube fundador irá receber, de acordo com a imprensa internacional, 350 milhões de euros apenas pela inscrição.
O comunicado oficial dos 12 clubes fundadores fala em "pagamentos de solidariedade" sem limite, que seriam "substancialmente mais elevados" do que os atualmente em vigor na UEFA e cresceriam de acordo com as receitas da liga.
Sem se comprometer com números definitivos, este grupo sublinha que ultrapasse os 10 mil milhões de euros num compromisso inicial, com cada equipa ainda a receber "um pagamento único de 3,5 mil milhões dedicado exclusivamente à realização de planos de investimento em infraestruturas e à compensação do impacto da pandemia da Covid-19".
A Superliga Europeia diz esperar gerar 4 mil milhões de euros anualmente com as emissoras, com os clubes fundadores a receber a maior fatia. Este valor é semelhante à receita comercial total da UEFA de 3,25 mil milhões de euros para cada uma das últimas três temporadas com a venda dos direitos da Liga dos Campeões, Liga Europa e Supertaça Europeia.
As reações dos organismos que gerem o futebol e as críticas
As reações contra a criação desta nova competição chegam um pouco de todos os quadrantes, com praticamente todas as principais federações de futebol a mostrarem-se críticas desta nova prova.
Na noite de domingo, a FIFA disse que "qualquer competição de futebol, seja nacional, regional ou global, deve sempre refletir os princípios fundamentais de solidariedade, inclusão, integridade e redistribuição financeira equitativa", sublinhando que o organismo só pode "desaprovar uma liga europeia fechada e dissidente, fora das estruturas do futebol"
Ainda antes deste comunicado oficial da Superliga Europeia, a UEFA, as federações espanhola, inglesa e francesa, ligas destes três países, também se juntaram às críticas. A federação e a liga alemãs, não tendo subscrito o mesmo comunicado, foram em tudo coincidentes mais tarde.
A UEFA reafirmou que excluirá os clubes que integrem uma eventual Superliga Europeia de futebol, e que tomará "todas as medidas necessárias, a nível judicial e desportivo" para inviabilizar a criação de um "projeto cínico".
Na luta contra a pretensão de alguns dos mais poderosos clubes da Europa, a UEFA disse contar com o apoio das federações de Inglaterra, Espanha e Itália, bem como das ligas de futebol destes três países.
Mas as críticas não se ficam apenas no lado futebolístico, e também já envolveram o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o presidente francês Emmanuel Macron. Pedro Proença, líder da Liga Portugal, também apontou o dedo a esta nova prova.
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