Rúben Amorim dizia, na conferência de antevisão à partida, que gostaria de ter mais posse de bola do que o rival mas, na verdade, não sucedeu o que queria (39% de posse), mas obteve o melhor ingrediente (x4) do futebol... o golo.
Dois remates certeiros de Coates, uma grande penalidade convertida por Sarabia e um tento de Paulinho (sim, ele também sabe marcar) compuseram a receita mágica de um leão que se deslocou a Istambul, não para regatear, mas, para regressar a Portugal com a esperança de um putativo apuramento.
Se o Ajax segue disparado na liderança do Grupo C, com nove pontos, o Dortmund está só a três de distância, sabendo que os leões ainda terão a hipótese de, em Alvalade, vingar o desaire sofrido em solo germânico (0-1).
Os campeões nacionais triunfaram por 4-1 na antiga Constantinopla e pela primeira vez na história facturaram quatro golos numa partida fora de casa da Liga dos Campeões, sendo que este triunfo também assinalou o primeiro, em solo turco, depois de três empates e uma derrota nas situações anteriores.
Mas deixemos os números de lado e vamos então aos destaques deste encontro:
Figura
Sebastián Coates já nos habitou, dentro de portas, a ser o esteio de uma equipa que empurrou para o título de campeão. O homem golo que, sobre a buzina, aparece nas alturas para disferir, quase sempre, o golpe fatal. Ora bem, 'el patrón' em Portugal, 'el patrón' em qualquer lugar. Junto ao estreito do Bósforo, o 'general' uruguaio foi, mais uma vez, o MVP do encontro com dois golos rubricados, assim como esteve na origem da grande penalidade que deu origem ao 3-0.
Surpresa
Muitas críticas se apontam a Paulinho. Afinal a 'redondinha' cola-lhe tão bem nos pés, mas a relação com as balizas, nos tempos que correm, não é das melhores. Teve quatro soberanas ocasiões para marcar, duas das quais beijaram os ferros, porém, já perto do soar do gongo, fez o mais difícil e carimbou um golaço para ver e rever. Será que é desta que Paulinho 'mordisca' com fé o cupido dos golos?
Desilusão
Pjanic já nos habituou a um futebol de pura filigrana, nomeadamente quando deambulava por Camp Nou ou no Juventus Stadium, contudo, na tarde desta terça-feira, o internacional bósnio foi uma miragem do que já vimos de melhor do médio. Pouco influente, falta de intensidade e um apagão de ideias confrangedor.
Treinadores
Sergen Yalçın perdeu a 'corda' ao jogo e cedo se viu preso numa encruzilhada difícil de sair, mas por culpa própria. O Sporting factura dois golos a papel químico um do outro. Ao primeiro podem cair todos, ao segundo só cai quem quer. Bolas paradas mal defendidas e crateras gigantes no eixo defensivo, permitindo aos leões tirar muitos frutos de uma 'mina carregada de urânio'. Um jogo mal preparado, em que o Besiktas cometeu erros capitais.
Rúben Amorim está em ascensão nesta Liga dos Campeões. O primeiro triunfo do técnico leonino nesta competição foi conseguido com nota artística elevada. Apesar dos primeiros minutos de menor desacerto, o leão foi subindo de qualidade no decorrer da partida, fruto também dos golos que trouxeram maior tranquilidade ao felino lisboeta. Por várias vezes, o Besiktas foi apanhado na teia do fora de jogo, um dado que confirma o acerto de um Sporting que, a defender, raramente deixa os 'vagões do comboio' separarem-se. Um leão que continua transformado num 'acordeão', em que a abertura e o fecho do instrumento continuam bem sintonizados com os diferentes momentos do jogo. A música não toca sempre bem, porém o instrumento é, efetivamente, de qualidade.
Árbitro da partida
Slavko Vinčić não teve uma partida fácil, mas tomou algumas decisões que suscitam muitas dúvidas. O golo do Besiktas parece precedido de falta de Larin sobre Matheus Reis. Nem sempre esteve correto no capítulo disciplinar e, por isso, o árbitro esloveno tem muito que aprender do jogo de Istambul.
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