O dia de sábado foi de coroação do rei Carlos III em plena cidade de Londres, mas foi em Lisboa, mais precisamente no Estádio da Luz, que se assistiu também a um grande recital de futebol. Foram mais de 100 minutos intensos, dinâmicos e em alta voltagem entre Benfica e Sporting de Braga.
Num duelo entre dois candidatos ao título de campeão nacional, embora Artur Jorge não queira assumir que os minhotos estavam nesta corrida até agora, houve espaço para um jogo de futebol de grande qualidade e com ocasiões de golo, muitas para o Benfica, poucas para o Sporting de Braga.
Os encarnados, que parecem ter-se reencontrado com a versão que chegou a deixá-los com dez pontos de vantagem sobre a concorrência, dominaram o adversário por completo. E só uma boa exibição de Matheus impediu que a equipa lisboeta marcasse mais, assim como alguns desarmes de Borja.
Mas voltemos à narrativa da coroação. O Benfica tentou e tentou quebrar o nulo e coube ao, por vezes, mal amado Rafa anotar o golo da vitória. Servido de forma primorosa por Neres, outro dos destaques do encontro, o avançado teve a frieza necessária para marcar o único golo da partida.
Foi a noite em que um mágico brasileiro estendeu a passadeira vermelha para o príncipe indicar o caminho para aquela que pode ser a 38.ª coroação das águias como campeãs nacionais. Ainda há três jogos pela frente e duas vitórias dão para o vulcão encarnado entrar em erupção. E a explosão de alegria pode acontecer dentro de duas rondas em Alvalade.
Mas vamos às notas desta partida:
Figura
É incontornável não apontar Rafa Silva como o melhor em campo deste jogo. O antigo internacional português até estava a ter uma noite desinspirada, com muitos passes errados e até algo desligado do jogo, mas fez o que compete a um jogador quando uma equipa precisa de pontos: marcar. E esteve perto de bisar com o chapéu que saiu por cima.
Surpresa
Jogo de grande qualidade de António Silva. Embota o Sporting de Braga não tenha sido muito acutilante a nível ofensivo, o internacional português esteve sempre concentrado e bem posicionado. Um autêntico comandante no eixo defensivo dos líderes do campeonato.
Desilusão
André Horta foi uma unidade a menos no Sporting de Braga ao longo dos 90 minutos. O médio pareceu muito "perdido" durante o encontro e nem sequer conseguiu contribuir para ajudar na construção ofensiva dos bracarenses. Surpreende a sua saída tardia do jogo.
Treinadores
Roger Schmidt: Depois de alguns jogos muito abaixo do que já tinha mostrado não há muitas semanas, o Benfica encarou este jogo decisivo com uma vontade muito diferente daquela que apresentou depois da última pausa para os jogos das seleções. A equipa de Roger Schmidt teve uma produção ofensiva muito superior aos minhotos e até surpreendeu pelo resultado curto. Faltou eficácia no ataque, mas o essencial foi conseguido: a vitória.
Artur Jorge: Este era um jogo de tudo ou nada quer para o Benfica, quer para o Sporting de Braga. Mas os minhotos pouco ou nada fizeram para sair com pontos de Lisboa. Num encontro de tamanha importância, os bracarenses fecharam o jogo sem remates à baliza adversária, o que não faz jus a uma equipa que entrou em campo ainda com a possibilidade de ser campeã. O Sporting de Braga sentiu muitas dificuldades para contrariar a pressão alta do adversário e apenas Bruma foi tentando fazer a diferença.
Arbitragem
Num encontro de dificuldade elevada, Luís Godinho não esteve à altura. Sentiu muitas dificuldades para controlar o jogo, somando algumas decisões erradas. Ainda assim, decidiu bem nos lances de maior dúvida junto às áreas, nomeadamente nos que o Sporting de Braga se queixou de penálti.
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